ATA DA CENTÉSIMA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 06.11.1989.

 


Aos seis dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Vigésima Segunda Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Antonio Hohlfeldt, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Luiz Machado. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Centésima Vigésima Primeira Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da Centésima Décima Oitava e Centésima Vigésima Sessões Ordinárias, da Qüinquagésima Sessão Solene e a Ata Declaratória da Centésima Décima Nona Sessão Ordinária, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Dilamar Machado, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 173/89 (proc. nº 2914/89); pelo Ver. Elói Guimarães, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 168/89 (proc. nº 2887/89); pelo Ver. Ervino Besson, 11 Pedidos de Providências; 03 Pedidos de Informações; pelo Ver. Gert Schinke, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 171/89 (proc. nº 2904/89); pelo Ver. José Valdir, 01 Projeto de Resolução nº 32/89 (proc. nº 2605/89); pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 17/89 (proc. nº 1957/89); pela Verª Letícia Arruda, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Pedido de Providências; 02 Projetos de Lei do Legislativo nos 172/89 (proc. nº 2912/89); 174/89 (proc. nº 2915/89). Do EXPEDIENTE constaram Ofícios nos 843; 853/89, do Sr. Prefeito Municipal. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Luiz Machado discorreu sobre “quebra-molas” construída na frente da Escola Estadual Dr. Glicério Alves, pelos moradores do local, o qual foi retirado pelo Executivo. Criticou a omissão do Governo da Frente Popular com relação ao sistema de transportes que serve a Vila Restinga, convidando a Bancada do PT a discutir o assunto com aquela comunidade. Analisou a situação quase falimentar da Empresa de Transportes Belém Novo. O Ver. Leão de Medeiros discorreu sobre a falta de infra-estrutura verificada na Zona Norte da Cidade. Comentou reportagem do Jornal do Comércio, onde é feito um levantamento minucioso dos problemas enfrentados por aquela área e que vem gerando fortes protestos da comunidade local. Falou sobre o grau de violência observado em Porto Alegre, o qual suplanta, inclusive, o de algumas das maiores cidades do mundo. O Ver. Nelson Castan teceu comentários sobre o momento político atual, analisando, especialmente, os debates que vem sendo realizados entre os candidatos às eleições presidenciais do dia quinze do corrente. Falou sobre denúncias, divulgadas pela imprensa, contra a administração municipal de São Paulo, de responsabilidade do PT. Criticou programas deste Partido, veiculados durante o horário eleitoral gratuito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Motta registrou a solidariedade do PT à greve dos funcionários INMETRO/RS, falando sobre as revindicações básicas que originaram tal movimento grevista. Declarou que seu Partido enviará telegrama ao Governo do Paraná, solicitando que sejam acatadas as solicitações dessa categoria. O Ver. Ervino Besson disse ter recebido diversas denúncias quanto à venda de fichas de vale-transporte, referentes ao atendimento ruim e demorado do usuário. Solicitou à Bancada do PT que investigue a veracidade dessas denúncias e busque soluções que permitam um melhor atendimento da população. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Votação Secreta, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 59/89, e mantido o Veto Total a ele aposto, por quatorze votos SIM contra quinze votos NÃO e um voto EM BRANCO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Airto Ferronato e Luiz Machado. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 09/89, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Giovani Gregol, Luiz Braz, Vicente Dutra e Ervino Besson. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 77/89, e as Emendas de nos 01 e 02 a ele apostas, após terem sido, Projeto e Emendas, discutidos pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clóvis Brum, Isaac Ainhorn e José Valdir. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 26/89. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Substitutivo do Projeto de Lei do Legislativo nº 48/89, e as Emendas de nos 01, 02 e 03 a ele apostas, tendo sido considerado prejudicado o Projeto original e a Emenda de nº 04. O Projeto de Lei do Legislativo nº 48/89, com Substitutivo e Emendas, foi discutido pelo Ver. Luiz Braz. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados o Projeto de Resolução nº 24/89; o Pedido de Autorização nº 19/89, este encaminhado à votação pelo Ver. Gert Schinke. Em Votação, foi aprovado o Requerimento nº 214/89. Após, foram aprovados os seguintes Requerimentos, solicitando dispensas de distribuição em avulsos e interstício para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data: do Ver. Flávio Koutzii, com relação ao Projeto de Lei do Executivo nº 26/89; do Ver. Giovani Gregol, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 09/89; do Ver. Isaac Ainhorn, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 77/89; do Ver. João Dib, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 48/89; do Ver. Valdir Fraga, com relação ao Projeto de Resolução nº 24/89. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos, solicitando regime de urgência e submissão à reunião conjunta das respectivas Comissões: do Ver. Adroaldo Correa, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 148/89; do Ver. Décio Schauren, com relação ao Projeto de Lei do Executivo nº 90/89; do Ver. Ervino Besson, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 159/89; do Ver. Flávio Koutzii, com relação ao Projeto de Lei do Executivo nº 81/89; do Ver. Valdir Fraga, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 156/89. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Cyro Martini, de Moção de Apoio ao Delegado Regional do Sindicato Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, Antônio Carlos Kramer Pinto, em favor do movimento reivindicatório dos policiais rodoviários federais por melhores condições de trabalho; do Ver. Flávio Koutzii de Moção de Apoio a Carta de Porto Alegre, de 15 de setembro de 1989, elaborada suprapartidariamente pelos Secretários de Finanças das Capitais; do Ver. Gert Schinke, de Moção de Repúdio ao projeto de dotação orçamentária às Forças Armadas, para o desenvolvimento do protótipo do primeiro reator compacto desenvolvido no terceiro mundo, destinado a equipar submarinos; do Ver. José Alvarenga, de Moção de Repúdio ao Presidente da Argentina, Carlos Menen, pelo indulto concedido a militares genocidas. Também, foi apregoado Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando a convocação do Secretário Municipal da Fazenda, o qual, após ter sido encaminhado a votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Airto Ferronato, Flávio Koutzii, Artur Zanella e Clóvis Brum, deixou de ser votado em face da inexistência de “quorum”. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente registrou as presenças, no Plenário, de representantes da Associação de Metrologistas do Rio Grande do Sul e do Prof. Darci Campani, Diretor do DMLU, e respondeu Questão de Ordem do Ver. Adroaldo Correa, acerca do encaminhamento à votação do Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, acima referido, pelo Ver. Clóvis Brum. Às dezessete horas e vinte e oito minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a Ordem do Dia, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Com a palavra, o Ver. Luiz Machado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, assomo à tribuna para falar sobre um Pedido de Providências datado de 12 de outubro de 1989, referente ao problema ocorrido em frente a Escola de 1º e 2º Graus Dr. Glicério Alves, na Rua Estácio Silveira, nº 300, Bairro Belém Novo. A comunidade daquele local, em virtude do sério risco de acidente que estava enfrentando, tentou, em primeiro lugar, negociar com o Executivo a colocação, em caráter de urgência, de um quebra-molas, tendo em vista a alta velocidade imprimida pelos automóveis que por ali transitam e que põem risco a vida das crianças. A Associação de Bairros foi até a Prefeitura, tentaram uma audiência com o Sr. Prefeito e, não tendo conseguido nada de concreto, resolveram colocar, por si mesmos, transgredindo a Lei, um quebra-molas. Então, a Prefeitura, imediatamente, em 72 horas, providenciou na destruição do quebra-molas feito pela comunidade. É bom que se diga que para responder um não à comunidade a Prefeitura levou três meses e para destruir o quebra-molas apenas 72 horas! Como as pessoas da referida comunidade me procuraram, estou solicitando a colocação do quebra-molas, porque entendo que em frente a escolas e em ruas onde passam ônibus e o movimento é intenso, isso já deveria até constar de lei.

Aproveito a oportunidade para falar sobre o problema de transporte da Vila Restinga e é preciso que se diga que o Governo da Frente Popular, até o presente momento, é omisso no que se refere à matéria. A população da Vila Restinga está em completo abandono no que tange ao transporte e estão fazendo um movimento denominado “Socorro ao transporte na Vila Restinga”.

Faço uma pergunta aos nobres Vereadores da Frente Popular, se eles têm coragem - porque eu sei que têm, então vou desafiá-los -, se eles têm coragem de ir na Vila Restinga e debater transporte com aquela comunidade; hoje, amanhã, a hora em que quiserem, conversar com aquela comunidade sobre transporte. Eu até nem sei se posso dizer isto, mas vou dizer aos Senhores, não sei se não teriam que convocar a Brigada para dar segurança aos Senhores, pra falar sobre transporte na Restinga. Porque até mesmo ao lado do povo, muitas vezes não atendendo a este povo, nós não conseguimos nos comunicar com este povo. Quando a gente não cumpre o que foi prometido em campanha, e o Prefeito Olívio Dutra disse que ia fazer um melhor transporte, ia fazer uma melhor tarifa, ia atender a comunidade e nós estamos com dez para onze meses de Administração e aquela pode se dizer que é a zona calcanhar-de-aquiles do Governo Olívio Dutra. E nós estamos agora pedindo socorro para o transporte na Vila Restinga.

Mais uma vez, desafio a Bancada da Frente Popular para que faça uma reunião na Vila Restinga e faça um levantamento e um apanhado das decisões que, até o presente momento, está deixando a desejar no que tange a transporte, principalmente com a comunidade que fica a 28km da Cidade. É inadmissível que deixe este povo no abandono, a cada dia. Pois este Vereador, morando na comunidade, chega nos seus estabelecimentos comerciais e é só uma palavra que ouve: “Vereador, o que vai fazer pelo meio de transporte?”. É todo o dia a mesma coisa. Eu tenho certeza de que o ex-Secretário, Ver. Antonio Hohlfeldt, ele não sofreu tanto como este Vereador sofre, vivendo dentro da comunidade. Pois a palavra é uma só, eles só falam no transporte. Não falam noutra coisa: “Vereador o que você vai fazer?”. Eu digo: Só se mandar parar o transporte, precisa fazer uma revolução. Muitas vezes, a gente tenta resolver politicamente e não resolve. Não adianta mais reclamar, vir à tribuna e reclamar sobre transporte, vão dizer que é demagogia.

Mas pergunto: O que o Governo da Frente Popular tem pronto para decidir um problema crucial que é a Empresa Belém que já vem atendendo muito mal há muito tempo, não atendendo aos anseios daquela população. Não resolve nada. Já colocou a linha a ponto de entregar a concessão da linha para o Executivo decidir e nada vimos, ficamos calados. Portanto pedimos, Vereador, no seu aparte, socorro para os usuários de transporte da Vila Restinga.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, gostaria que o Senhor confirmasse uma coisa para mim, esse problema de transporte da Restinga é um problema que começou em janeiro deste ano ou é um problema bem anterior? Segunda questão que quero que confirme é se a Belém Novo estava sob intervenção ou não. Por que a Belém Novo agora está falindo? Esse problema não é um problema anterior muito mais sério? Pelo menos tenho acompanhado várias lideranças da Restinga reclamando do transporte muito anterior, é um problema histórico nesta Cidade como o problema na minha região é um problema histórico. Queria que V. Exª respondesse a essas questões e quero dizer o seguinte, que nós do Partido dos Trabalhadores não temos nenhum problema em discutir em qualquer lugar, nós vamos discutir, temos coragem e capacidade suficiente para discutir esse problema abertamente em qualquer lugar, discuto esse problema lá na minha comunidade, que é onde tem o transporte mais crítico dessa Cidade.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Não acredito que seja pior do que o da Restinga. Vou responder ao aparte do Ver. José Valdir quando ele coloca: “Se estava em intervenção?”. Em primeiro lugar, a empresa Belém Novo, que eu saiba, não está sob intervenção, até mesmo porque não houve intervenção na Belém porque era muito cara, era sucateada a empresa em termos de transporte e ia prejudicar em muito o Executivo, a Prefeitura e os cofres públicos e por isso não houve a intervenção na empresa Belém Novo. Então vamos deixar que os restingueiros fiquem lá sofrendo, afinal de contas são 28km de Centro da Cidade, eles incomodam menos porque estão distantes. Portanto, não puderam resolver.

Só quero nesse momento pedir a união dos Vereadores desta Casa, não só a Bancada da Frente Popular, que nos ajude, pois não sei mais o que responder para aquela comunidade.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, depois de dez meses de governo perguntar como é que era antes é meio triste. Dez meses é tempo suficiente para nascer uma criança, já deveria ter algum tempo de vida. Não souberam fazer a intervenção e a primeira empresa que deveria ter sido intervinda era a empresa Belém Novo, que era a que estava mal.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentar a preocupação de V. Exª, aliás preocupação que já havia, porque quando Secretário de Transportes, muitas vezes convidado pela comunidade lá estive na Restinga, fazendo debate aberto e forte com os moradores; mas a despeito do aparte do Ver. José Valdir, eu gostaria que V. Exª fizesse uma comparação da situação de hoje e a de ontem de transporte na Restinga.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Em primeiro lugar, uma coisa nós não podemos negar: o problema de transporte na Vila Restinga é antigo, dizer que é de agora não é, mas vem se agravando e a tendência é piorar. Porque a empresa está com problemas, não tem dinheiro para renovar sua frota, a frota está praticamente destruída. Eu pergunto, o transporte não é público, não era hora de a Prefeitura intervir?

Então, eu posso afirmar a V. Exª que o problema de transporte coletivo, realmente é antigo, mas que se agravou no último ano. O Ver. Antonio Hohlfeldt esteve na Restinga uma vez com o Prefeito, naquela época era o Projeto SOS, na época, o Vereador era Secretário, mas depois dessa visita nunca mais compareceu. Nós pedimos socorro ao transporte na Vila Restinga, porque trabalham mais de 30 mil trabalhadores, se locomovem para o Centro da Cidade, muitos para a Zona Norte.

Ontem eu estava numa carreata do nosso líder Leonel Brizola, e paramos próximo ao Bairro Cavalhada e o que disse um usuário de transporte, eu pensei que ele ia falar no nosso líder máximo, olha o que ele disse: “Machado, o que vocês vão fazer no transporte da Restinga?” Aonde eu ando, eles só falam isso! Eu não sei mais o que fazer. Sinceramente, eu vou levantar no Bairro Restinga a publicidade, usar os painéis de propaganda contra o Prefeito Olívio, usar tudo o que nós temos para cobrar do Executivo a intervenção imediata na Belém. É o que nós pedimos.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª fala em problema de transporte na Restinga e, sabidamente, é um problema crônico, anterior à Administração atual. Na realidade, pouco fez ou nada fez para melhorar. Quais são exatamente os problemas de transporte da Restinga? É falta e ônibus? É falta de horários? É ônibus velho? É tarifa?

 

O SR. LUIZ MACHADO: Falta de ônibus e os que existem estão todos destruídos. Em cada dez ônibus que saem para a Cidade, ida e volta, um fica no caminho, quebra.

 

O Sr. Dilamar Machado: Eu vou dar uma sugestão a V. Exª, preocupado, como representante da Vila Restinga, sugerir ao Poder Executivo que utilize a companhia que é do povo porto-alegrense, que é a Companhia Carris. A Companhia Carris, neste caso presente, mesmo com prejuízo eventual, tem obrigação de criar o transporte coletivo digno para a Zona Sul e para a Restinga. E o mesmo conselho eu dou ao Ver. José Valdir, preocupado com a Zona Norte, a Sopal está sob intervenção. É a maior empresa particular de transporte coletivo em Porto Alegre. Não resolveu, temos que utilizar a frota da CARRIS.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. LUIZ MACHADO: Eu vou conceder um aparte ao nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, porque eu sei que vai engrandecer o meu pronunciamento e vai trazer uma esperança ao povo da Restinga.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: Ver. Luiz Machado, agradecendo a sua atenção, eu queria ser tão poderoso para responder esta questão de imediato. V. Exª mesmo colocou, e os outros Vereadores o apartearam, que, realmente, o problema da Restinga é crônico. Evidentemente, chega o momento em que a situação é tão difícil que, das duas uma, ou se toma a medida mais radical possível, e esta medida não está de toda afastada, que é a cassação pura e simples da empresa com a requisição da sua frota, das suas garagens, dos seus equipamentos, ou, então, a empresa tenta se safar com auxílio eventual do próprio Poder Público.

V. Exª sabe, no último dia 31, terminou uma inspeção que a SMT desenvolveu ao longo de outubro, iniciada ainda quando eu estava à testa daquela Secretaria e cujos resultados devem estar sendo divulgados nos próximos dias. Há também uma dupla disputa jurídica entre a empresa e o consórcio operacional e, em conseqüência, a empresa e o próprio Poder Público, em torno das questões de repasse. Na verdade, eu lhe diria que, nos últimos dois anos, os balanços da empresa Belém Novo já acusavam déficits consideráveis, sem que a Secretaria dos Transportes, nas administrações anteriores, tivesse tomado qualquer medida a respeito.

Então, chegou-se a uma situação em que a medida, hoje, infelizmente, caminha pelo jurídico e, dentro do jurídico, a Prefeitura fica, evidentemente, prisioneira de uma decisão, que ela não pode ultrapassar, ela não pode simplesmente superar. Eu acho que V. Exª tem razão em colocar o problema e tentei resolvê-lo dentro das minhas possibilidades, mas, realmente, ainda que se faça uma intervenção dentro da Belém Novo, V. Exª também sabe que não se vai fazer o milagre de arranjar 50 ônibus e colocar lá de uma hora para outra.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o aparte. Para encerrar, quero dizer que este Vereador, por certo, vai receber do Executivo a atenção merecida, nos próximos dias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos, com prazer, a presença dos representantes da Associação dos Metrologistas do Rio Grande do Sul. Sejam bem-vindos a esta Casa. Já recebemos, por parte do Ver. João Motta, as reivindicações dos senhores funcionários ao Chefe do Inmetro. Temos também um rascunho que estamos redatilografando, para acompanhar, também, o mesmo trabalho que foi feito pela Assembléia Legislativa, encaminhando um telex de apoio aos senhores. Muito obrigado pela a presença. Vamos tomar as devidas providências para auxiliá-los, porque entendemos que as suas reivindicações são justas.

Com a palavra, o Ver. Leão de Medeiros, pelo tempo que lhe cede o Ver. Mano José.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de quando em vez perpassa por algumas regiões do Rio Grande do Sul um frêmito separatista, quando alguns Municípios, desamparados da justa distribuição de benefícios que se poderia esperar do Governo do Estado, ameaçaram separar-se do resto dos gaúchos. O indignado protesto de São José do Norte, Tavares, Mostardas e de toda a população litorânea levou os Constituintes a inserirem na Carta estadual um prazo para que o Governo conclua a pavimentação da “estrada do inferno”.

Este tipo de protesto, Sr. Presidente, envolve menos decisão política a respeito de um inútil separatismo e de um radicalismo infantil do que o justo clamor de populações, que se vêem isoladas do progresso do Estado pela ausência lamentável de um seguro plano de governo e de um planejamento adequado, no sentido de beneficiar regiões economicamente deprimidas por diversos problemas conhecidos e cuja solução é adiada eternamente.

Este mesmo clamor parte também de áreas do Município de Porto Alegre, que se sentem ofendidas pela falta de um efetivo planejamento que lhes possa dar algo em troca da substancial contribuição que há anos fazem para o tesouro municipal, sem qualquer contrapartida, sequer a equivalente ao aporte de tributos municipais diretos e indiretos. Também é recente a súbita rebelião do Bairro Belém Novo, na Zona Sul, e de Humaitá, na Zona Norte.

Recente reportagem no Jornal do Comércio expressa, de forma contundente, a revolta da Assonorte, associação heterogênea de empresários da indústria, do comércio e de serviços, da Zona Norte da Cidade, diante da quase absoluta falta de infra-estrutura que torna homogêneo o protesto.

Eu creio, Sr. Presidente, que o protesto da Zona Norte, embora dirigido ao Executivo Municipal, de alguma forma também atinge esta Casa, eis que a Câmara responde solidariamente com o Executivo, e continuará respondendo, se não aproveitamos a oportunidade dos debates sobre a futura Lei Orgânica para examinar, em profundidade, e definitivamente, tais problemas.

Quero, Sr. Presidente, deter-me na análise destes protestos, como modesta contribuição para a busca do equacionamento dos problemas que agitam, com razão, as populações das áreas citadas, bem como de outras que se constituem em núcleos de outros problemas sociais que tendem a se avolumar, como é o caso das vilas periféricas onde vivem, na mais precária condição, mais de dois terços da população de Porto Alegre.

A reportagem do Jornal do Comércio fez uma acurada resenha dos problemas da Zona Norte, cujo perfil foi traçado na mesa-redonda da Assonorte. Ali temos o maior pólo industrial de todo o Estado, o segundo pólo comercial de Porto Alegre depois do Centro da Cidade, ali se recolhe 50% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, ali vive um terço da população da Capital, quase meio milhão de pessoas. E a Zona Norte queixa-se, com razão, de que não conta com a infra-estrutura adequada ao desenvolvimento daquela imensa comunidade. As indústrias abandonam Porto Alegre porque ali falta energia elétrica, faltam incentivos, falta planejamento. Construímos o Porto Seco, mas faltam acessos pavimentados. Construímos a Vila Restinga, hoje uma cidade cuja população é maior do que a de mais da metade dos Municípios gaúchos. Criamos ali um Distrito Industrial, exatamente no pólo oposto ao pólo industrial e transformamos a Restinga em uma cidade que abastece a Capital com a mão-de-obra para serviços.

Há espaço de sobra para a expansão da indústria na Zona Norte, mas o espaço urbano está bloqueado pelo Plano Diretor.

Moram na Zona Norte quase meio milhão de pessoas, mas falta segurança e a área é mal protegida por duas delegacias carentes de recursos humanos, de viaturas e até de munição, como já denunciei. Postes existem, mas não existe iluminação suficiente. Existe um mercado imediato para dez mil telefones, mas não existem telefones. Falta saneamento em toda a várzea do rio Gravataí. Existe o Porto Seco, mas apenas trinta empresas operam em uma área projetada – ou planificada, mas nunca planejada – para cento e cinqüenta.

Abstenho-me, Sr. Presidente, de mencionar os graves problemas de Belém Novo e da Zona Sul. Seria desfiar o mesmo rosário com as mesmas orações.

A Lei Orgânica dá a esta Casa a oportunidade única de intervir no processo de ocupação da Zona Norte e de todas as demais áreas economicamente estagnadas da Capital. O Executivo pediu a esta Casa um aumento substancial de impostos e taxas. Mas queremos saber onde o resultado financeiro dessa arrecadação a maior será aplicado. Queremos planos sensatos de desenvolvimento urbano, desbastados de toda a demagogia eleitoral. Se a Lei Orgânica que fazemos não for capaz de modificar os conceitos que inspiraram o atual Plano Diretor, o excesso de impostos vai apenas reproduzir marginais e afastar o homem comum de seu justo desejo de uma sociedade onde as oportunidades sejam iguais para os iguais.

Sr. Presidente, um outro tema que me traz à tribuna é o problema da segurança pública. Os jornais...

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Leão de Medeiros, V. Exª está de parabéns, porque V. Exª está se pronunciando sobre um assunto extremamente preocupante para a cidade de Porto Alegre. Vejam bem o que vou ler para Vossas Excelências. Recebi do Executivo Pedido de Informações de nº 292/89, diz o seguinte, eu que sou um conhecedor das vilas periféricas de Porto Alegre fiquei extremamente surpreso, temos em Porto Alegre 381 mil famílias morando em vilas periféricas, que são 212 vilas, isso representa nada mais, nada menos do que 28% da população de Porto Alegre. Vejam bem V. Exas, 28% da população de Porto Alegre moram em vilas periféricas, e sabemos muito bem a maneira em que vivem, a situação é extremamente preocupante. Sou grato a Vossa Excelência.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: O aparte de V. Exª reforça o meu pronunciamento.

Mas um outro tema que trago à tribuna é um problema da segurança pública de nossa Cidade. O jornal Zero Hora, na edição de 08 de outubro, sexta-feira, diz que existem cerca de l3 mil mandados de prisão a serem cumpridos pela Delegacia de Capturas de Porto Alegre. Esse número gigantesco exige pelo menos dois comentários. Em primeiro lugar, chamo a atenção para o fato de que os 13 mil criminosos à solta no Estado correspondem a 1% da população de Porto Alegre, estimada em 1 milhão e 300 mil habitantes. Como a imensa maioria destes criminosos opera na Capital, embora eventualmente se refugie na Grande Porto Alegre e em outros Municípios do interior, temos que, em cada grupo de 100 pessoas, nesta Cidade, um é infrator, fora da lei, até ladrão, assaltante ou assassino. Temo, Sr. Presidente, que Porto Alegre conte hoje com um contingente de delinqüentes superior, em números relativos, ao registrado em Nova Iorque e Chicago, as cidades mais violentas do mundo, segundo o comentário vigente nos meios policiais internacionais.

Eu sei, Sr. Presidente, que boa parte deste espantoso recorde se deve às conseqüências de uma sociedade que ainda tenta subtrair-se ao subdesenvolvimento. Sei que o crime é um produto do meio, das circunstâncias, da falta de educação suficiente, da miséria que marca bolsões negros em nossa Capital.

No entanto, convivemos com quadrilhas organizadas, com tráfico de drogas, com assaltantes que agem em plena luz do dia, com cerca de 13 mil pessoas armadas e dispostas a cobrar suas reais ou supostas diferenças sobre nossas famílias, nossas mulheres e nossos filhos.

Segunda-feira, Ver. Omar Ferri, por ser Delegado de Polícia e ex-Chefe de Polícia, é um dia em que há congestionamento na linha telefônica do meu gabinete: gente que foi assaltada, gente que foi vítima de furto, gente que foi vítima da violência urbana. É impressionante! E a polícia está de mãos atadas.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou acompanhando com muita atenção seu discurso, Vereador. A imprensa, já em outra oportunidade, havia noticiado que os mandados de captura ou, pelo menos, os condenados soltos pela Cidade andam em torno de 20 mil. Vinte mil assassinos, bandidos, delinqüentes procurados pela polícia. A situação, no Rio de Janeiro, é de 80 mil mandados não-cumpridos; em São Paulo, há mais de 100 mil. Veja, V. Exª que este País virou um covil de ladrões e de bandidos. E o pior de tudo isso é que, pelas estatísticas, foge, de nossas prisões, um condenado por dia. É evidente que estamos sujeitos a estupros, assaltos e todo o ato de bandidagem todos os dias. A paranóia está nos pegando e estamos transformando as nossas casas em cadeias, já que das outras eles fogem.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Agradeço o aparte de V. Exª, mas enquanto houver voz como a sua, que conhece direitos humanos e assuntos penitenciários e policiais, como a minha e de outros mais, temos a obrigação de sempre trazer, a esta tribuna e a outras que houver, este assunto, para alertar as autoridades responsáveis por essa área da segurança pública, pelo verdadeiro descalabro em que se encontra a situação.

Treze mil pessoas que andam livremente nas ruas, à sombra e até mesmo protegidas, porque esta é a palavra, Sr. Presidente, pela nossa Constituição Federal parcialmente não-aplicável, e quando aplicável, tão tolerante e liberal que apenas contribui para aumentar o número de assassinos, assaltantes e seqüestradores.

Se os nossos cidadãos mais liberais defendem os criminosos que infestam a Cidade, e para isso invocam nossa Constituição quase toda não-regulamentada, por que, Sr. Presidente, por que não pressionam de igual modo o Congresso Nacional, para que regulamente a Carta Maior, para que dê à Polícia os instrumentos legais para coibir o crime?

Pois aí chegamos ao segundo fato: além da Polícia não contar com tais instrumentos, os mais comezinhos instrumentos de combate ao crime, parece que nossas autoridades da segurança pública não se sensibilizam diante do crime organizado. Diz o Delegado de Capturas que, apenas nesta delegacia especializada, existem oito mil mandados de prisão, dos quais, em 1989, apenas quinhentos resultaram na detenção dos criminosos. É de pasmar, Sr. Presidente: de cada dezesseis meliantes, um é preso, e os outros quinze continuam assaltando, matando e seqüestrando.

Sei também, Sr. Presidente, que a Delegacia de Capturas faz o que pode, e até é muito, quando sabemos que conta com doze homens e com viaturas absolutamente insuficientes.

Esta é a situação, Sr. Presidente. São treze mil criminosos à solta, e pouco se faz para ampliar o sistema de policiamento e/ou penitenciário, na medida certa para, pelo menos, recuperar um certo número destes celerados. Pouco se faz, no Estado, para evitar que as novas gerações se voltem ao crime: ao contrário, as crianças convivem com o crime e os criminosos nas vilas que consagram tais celerados como protetores, e assistem, desde tenra idade, tais protetores assaltarem suas próprias escolas.

Temos pela frente um quadro desolador: a Polícia silencia; a Secretaria de Segurança é amadora. Enquanto se brinca de “polícia e ladrão”, a organização policial é mutilada e dividida na Constituição Estadual.

Que esperam da sociedade? Que a sociedade tome a justiça em suas próprias mãos? Era isto, Sr. Presidente, por enquanto.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Nelson Castan.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Líder da Bancada, Ver. Vieira da Cunha, gostaria de fazer uso da palavra para um aparte.

 

O Sr. Vieira da Cunha: Ver. Nelson Castan, apenas para anunciar à Casa que, na condição de Líder da Bancada, fui procurado hoje pela manhã por alguns servidores do Inmetro que expuseram à nossa Bancada a sua situação, já que estão em greve há uma semana, submetidos a uma situação de arrocho salarial; ratificar a posição do Presidente da Casa, membro da nossa Bancada, de solidariedade e apoio irrestrito à luta desses servidores; manifestar que as suas reivindicações de reajuste na ordem de 50% em outubro, 85% em novembro, cuja garantia de reposição já foi concedida, e mais o IPC de dezembro, são reivindicações justas e contam com o apoio da Bancada do PDT nesta Casa. Já estamos formalizando esse apoio, subscrevendo um manifesto elaborado pela própria associação dos metrologistas que nos honram com sua presença.

Sou grato a V. Exª pelo espaço que proporcionou à nossa Bancada e que possibilitou nossa manifestação sobre a luta desses servidores do Inmetro.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o momento político nacional é da maior importância, da maior gravidade e, aos poucos, o povo brasileiro vai ficando com a sensação de que em suas mãos está o destino, o futuro da nossa Pátria, principalmente observando essas maquinações, essas manipulações, essas articulações feitas por aqueles que estão no poder, neste País, há 30 anos e que, através dos artifícios mais sórdidos, mais antidemocráticos, pretendem se perpetuar no poder. Nesse cenário da sucessão presidencial, muita coisa se pode observar, tirar lições, começar a entender mais profundamente os atores políticos que estão nesse tablado. É evidente que conhecemos, sabemos o que significam candidatos como Maluf, Afif, esses dois moços, Collor e Sílvio Santos.

Mas também esta campanha tem sido importante para nos permitir um conhecimento um pouco mais aprofundado de um partido novo que esta aí, que é o Partido dos Trabalhadores; vendo, assistindo pela televisão os debates e toda a polêmica que se instala a partir de questões, a partir de posicionamentos levantados nos debates, nós podemos observar que essa aura de virgindade, essa aura imaculada que o Partido dos Trabalhadores busca projetar não corresponde realmente com a realidade dos fatos. Nós achamos, sinceramente, que o Partido dos Trabalhadores tem uma militância sincera. Tem atitudes políticas em que buscam uma coerência, mas também tem as suas máculas, mas também tem os seus pontos dúbios.

Em primeiro lugar, durante os últimos dez, quinze dias, a imprensa se aprofundou, se debruçou sobre as denúncias - eu digo denúncias porque, evidentemente, essas coisas são tão sérias que elas devem, têm a obrigação de serem provadas -, sobre as denúncias a respeito da Administração Municipal de São Paulo, na medida em que houve a exoneração, ou pedido de demissão do Vice-Prefeito Greenhalgh, realmente o problema transformou-se, o problema ficou muito mais sério do que, inicialmente, eu pensava. Posteriormente, nós soubemos que também o candidato a Vice, Senador Bisol, é proprietário de terras. Não há nada de mal nisto. Mas já coloca uma outra referência para as críticas que o PT fazia a respeito de outros candidatos, em particular a respeito de Leonel Brizola. Ontem, nós soubemos de um outro dado, que o Vice-Prefeito de São Paulo, também proprietário de terras no Vale do Paraíba, está movendo ação judicial para tirar das suas terras invasores, também é um outro dado da realidade.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, estamos acompanhando o seu discurso atentamente e também assistindo a sua tristeza e sua preocupação, eu acho que ocorre no sentimento de todos nós. Eu chamo atenção neste momento aos nobres Vereadores desta Casa, sobre a manobra que está sendo feita neste nosso País. Nós estamos assistindo e vendo e sentindo na carne o que estão nos preparando com esses candidatos da direita, pois eles estão tentando tudo para empurrar goela abaixo esses candidatos.

Por último, assistimos a manobra que está sendo feita com Sílvio Santos, lamentavelmente, milhares de brasileiros vão votar nesse candidato. Então, é claro que estamos preocupados, porque é uma farsa que foi preparada, que vai tirar votos do Brizola, vai sim, assim como vai tirar do Lula. Então, eu chamo a atenção dos companheiros para que nós abramos os olhos de todos esses companheiros que estão acompanhando mais essa fraude que está sendo preparada pela direita, porque, caso contrário, nós vamos, amarga e tristemente, ver mais uma vitória de um candidato da direita e aí pergunto aos companheiros do PT, deixando aqui, deste simples Vereador, um pedido: que folheto como este último que o PT largou na rua que, antes de largar mais um com aquelas insinuações, que pensasse um pouco. Se somos um partido da esquerda, o PT também o é; portanto, é hora de unirmo-nos em uma união firme e preocupante para nós e para todo esse povo sofrido desta Nação.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, com relação às denúncias de corrupção junto à Prefeitura Municipal de São Paulo, os jornais no dia de hoje informam que o Delegado de Polícia encarregado do inquérito exclui qualquer responsabilidade do PT ou do Governo Municipal naquele escândalo que ocorreu. Uma tentativa de compra de algum direito, coisa que antes era hábito nesta República e em todos os Estados, em todos os tipos de administração.

Em segundo lugar, conheço pessoalmente, é meu amigo o companheiro Luiz Eduardo Greenhalgh. É um cidadão decente e digo, como já disse o Lula a respeito dele: ponho a mão no fogo pelo Luiz Eduardo, sem luvas de asbesto.

Com relação às terras do Bisol, é incrível neste País: gente de esquerda não pode ser proprietária de nenhuma área de terras. As terras da esquerda engasgam a direita deste País.

 

O SR. NELSON CASTAN: Ninguém disse isto. A bem da verdade, V. Exª tem que ser coerente e adotar a mesma linha de equilíbrio que eu estou usando no meu pronunciamento.

 

O Sr. Omar Ferri: Se V. Exª traz à tona a terra do Bisol, tenho que acreditar que, subjacentemente, a intenção de V. Exª é criticar a propriedade...

 

O SR. NELSON CASTAN: Se V. Exª quer tirar ilações, V. Exª tem todo o direito. Agora, V. Exª também tem o compromisso de ouvir as minhas palavras. Disse que não vejo problema em ser proprietário de terras. Foram minhas palavras.

 

O Sr. Omar Ferri: Eu apenas quero dizer a V. Exª que eu também sou proprietário e, se alguém se atrever a tomar posse das minhas terras, eu ajuizarei todas as medidas judiciais possíveis, cabíveis e legais para defender o meu direito. Agora, uma coisa que fique clara, o Partido Socialista Brasileiro é radicalmente contra o latifúndio, que é propriedade da terra anormal. Então, contra o latifúndio nós somos radicais, até muito mais que o PT, nós somos absolutamente radicais no sentido de que o latifúndio tem que ser destruído neste País.

 

O SR. NELSON CASTAN: Um outro aspecto que me chamou a atenção e eu fiquei bastante indignado foi naquele programa em que o Lula aparece sentado nos sacos de leite em pó e diz para a população: este leite é o que está faltando na mesa do trabalhador. Mesmo que não estivesse contaminado, porque aquilo ali é uma barbaridade, uma vergonha, como se aquilo ali significasse resolver o problema do leite na mesa do trabalhador. Esta foi a mensagem que se tentou passar naquele programa. Isso me parece de uma demagogia das mais sórdidas.

 

O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, o senhor sabe que as interpretações são as mais diversas sobre o que a gente pode tirar sobre os programas que nós vemos. Na verdade, me parece que os nossos programas, quando denunciaram não só aquele leite que estava ali estragado, denunciaram os milhões de dólares que o Governo da Nova República gastou com o Plano Cruzado importando alimentos, entre os quais têm sete mil toneladas de carne estocadas aqui em Canoas e que não servem mais para nada. Até porque, se um dia a Justiça deliberar sobre eles, eles não vão servir, porque já estão estragados.

Mas eu queria aproveitar para me referir ao aparte do companheiro Ervino Besson e fazer para ele este apelo, a recíproca é verdadeira, que o PDT não distribua mais na Cidade aquele texto que coloca o PT como uma articulação da direita, que compromete o PT com as multinacionais e coisas do gênero, mostrando, inclusive, uma bandeira dos Estados Unidos.

 

O SR. NELSON CASTAN: Para concluir, só quero relembrar a memória de todos os companheiros Vereadores de que o primeiro político de expressão nacional a denunciar a farsa do Plano Cruzado, enquanto os outros titubeavam, ele foi o primeiro político, no maior ato de coragem desses últimos tempos na cena política brasileira, a denunciar o Plano Cruzado, foi Leonel Brizola, e isso ninguém tira dele. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Motta, em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sem dúvida que o grande tema do quotidiano dos brasileiros, hoje, é a sucessão presidencial, e não poderia ser diferente. Entretanto, paralelo a isso, e junto com isso, continuam a existir, hoje, no Brasil, inúmeras mobilizações de trabalhadores, de categorias em cima da defesa de seus salários e da luta por reposição salarial. Hoje, aqui, estamos recebendo os companheiros metrologistas do Rio Grande do Sul, que estão em greve, com cinco reivindicações básicas que passo a ler, para que todos os companheiros tomem conhecimento:

1. cumprimento da tabela de reclassificação por tempo de serviço;

2. reposição salarial de 50% sobre os salários de outubro de 1989;

3. reajuste salarial de 85% em novembro próximo, já concedido pelo Governo do Estado do Paraná;

4. participação nas negociações do dissídio da categoria em janeiro de 1990, e, por fim,

5. a não-existência de qualquer tipo de punição aos companheiros que hoje estão desencadeando esse movimento no Estado.

Nós, aqui, na Câmara, gostaríamos de registrar, além da solidariedade da Bancada do PT à luta desses companheiros, que estamos encaminhando, ao Governador do Paraná, um telex que, em síntese, tem o seguinte teor: tomamos conhecimento da paralisação, que ora ocorre nesse órgão e, tendo em vista o reconhecimento que todos nós temos aos relevantes serviços prestados nessa área pelos companheiros, solicitamos a interferência imediata do Governo do Paraná, na pessoa do Sr. Álvaro Dias, atual Governador do Paraná, diga-se de passagem, do PMDB, para que, imediatamente, atenda às reivindicações desses companheiros. Cabe salientar que estamos, portanto, diante de uma situação em que não existe, hoje, concretamente, em funcionamento, a prestação desse serviço. Portanto, hoje, várias áreas do comércio de Porto Alegre estão sem o atendimento e a fiscalização desses companheiros técnicos. Está registrado este telex que estamos enviando ao Governo do Paraná.

Por fim, será distribuído aos Srs. Vereadores e à imprensa, um manifesto em nome da Comissão de Greve desses companheiros, onde, mais uma vez, fica registrado que, se existe algum responsável por esta situação de arrocho salarial e até mesmo por um tipo de desmando dentro desse tipo de serviço, não são os funcionários desse órgão, mas são casos, inclusive um deles que é do conhecimento de todos nós, que é a demissão do ex-Superintendente desse órgão pelo Governo do Paraná, por irregularidades administrativas na sua região, sendo ele hoje sujeito de uma Comissão de Inquérito instalada pela Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná.

Portanto, fica aqui, em nome da Bancada do PT, a nossa solidariedade aos companheiros desse órgão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Ervino Besson, em Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero aqui chamara a atenção à Bancada do PT. Eu tenho recebido várias denúncias e gostaria que a Bancada do PT fizesse uma pesquisa sobre a denúncia que este Vereador traz a esta tribuna a respeito da venda do vale-transporte: várias pessoas ficam na fila, na média de três a quatro horas, para adquirirem as fichas dos vales-transportes. São empregados, pessoas que têm responsabilidade na sua empresa e perdem três, quadro horas para adquirirem as fichas do vale-transporte.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, peço também à Bancada do PT, ao seu Líder, homem sempre preocupado com os problemas da Cidade e tenho certeza de que alguma providência vai ser tomada, providências sobre o mau atendimento do pessoal que trabalha neste ramo. Pessoal nunca disposto a dar maiores explicações quando alguém se dirige até lá.

Portanto, peço à Bancada do PT que, ocultamente, para verificar sobre a verdade da denúncia, fizessem uma visita de surpresa para ver até que ponto esta denúncia é verdadeira. Mas eu acredito que seja, porque todas as pessoas que trouxeram ao meu conhecimento esta denúncia são pessoas que têm um crédito verdadeiro. Portanto, tenho certeza que a Bancada do PT, pelo seu Líder, numa próxima oportunidade, vai trazer a esta Casa a veracidade sobre esta denúncia. Porque ficamos assim bastante tristes, bastante chateados, e nós sabemos que as empresas, hoje, vivem, creio, uma das piores crises da história desse País. Digo isso aos senhores com conhecimento de causa, porque este Vereador também tem oportunidade, no seu tempo disponível, de controlar, ou pelo menos ajudar a controlar a nossa empresa, a qual é do ramo de panificação e sabemos nós o terrível momento que nós estamos passando. Portanto, não é justo que, ao nos dirigirmos a um órgão público, num setor público para adquirir as fichas para os nossos empregados, nós temos que aguardar três, quatro horas na fila. Portanto, eu tenho certeza de que o PT vai tomar as providências cabíveis.

Termino deixando aqui o meu agradecimento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada para verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

VOTAÇÃO SECRETA

 

PROC. Nº 1464/89 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que inclui, no currículo escolar da rede de ensino municipal de 1º grau, matéria relativa ao direito de voto aos jovens maiores de 16 anos e dá outras providências.

 

Parecer:

- da CEC. Relator Ver. Wilson Santos: pela rejeição do Veto Total.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 059/89. Convido os Vereadores Airto Ferronato e Luiz Machado para escrutinadores, já que a votação é secreta.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada dos Srs. Vereadores para votação.) Votaram 30 Srs. Vereadores.

 

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o PLL nº 059/89, por 14 votos SIM contra 15 votos NÃO e 01 EM BRANCO e mantido o Veto Total a ele aposto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0700/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 009/89, de autoria do Ver. Giovani Gregol, que determina medidas para combater o tráfico ilegal de fauna silvestre em estabelecimentos comerciais.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. João Motta: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver. Flávio Koutzii: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Wilton Araújo: pela aprovação;

- da COSMAM. Relator Ver. Gert Schinke: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 009/89. (Pausa.) Em votação. Para encaminhar, o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Processo nº 0700/89, PLL nº 009/89, de minha autoria, é datado do dia 03 de março deste ano. E teve uma tramitação lenta e regular pelas Comissões desta Casa, nas quais tivemos a felicidade de ter o referido Projeto, ora em exame neste Plenário, a aprovação em todas as Comissões por onde tramitou.

Aparentemente, Srs. Vereadores, este seria um assunto de menor importância. Um daqueles projetos que não causa, normalmente, pelo menos, muita polêmica, mas gostaria de afirmar, aqui, aos colegas Vereadores, que para aquelas pessoas que militam, que labutam na área da proteção ambiental, inclusive para aquelas pessoas que participam ou que apóiam as entidades de proteção aos animais e para aquelas pessoas que também têm sensibilidade para estas questões, entre as quais, seguramente, se incluem todos os Vereadores desta Casa, este Projeto tem uma grande importância.

E, inclusive, recordo aqui a própria Exposição de Motivos que eu elaborei, em que eu faço referência a uma série de legislações federais. Inclusive há normas expedidas por entidades internacionais que regulamentam e coíbem o tráfego e a comercialização de fauna silvestre, ressaltando que aqui no nosso Município de Porto Alegre existe um comércio muito antigo, muito intenso de animais silvestres, constituindo uma prática vergonhosa. Todos nós sabemos que em vários estabelecimentos comerciais da cidade de Porto Alegre, inclusive aqui no Centro da Cidade, qualquer pessoa, qualquer cidadão chega ali e compra qualquer animal silvestre, em especial pássaros, compram cardeais, compram, afinal, todos os pássaros que vivem nas nossas matas. E isto, sem dúvida nenhuma, constitui uma afronta à Lei.

Inclusive, inicialmente, a Lei Federal que embasa isto é a Lei nº 5.197, de 13 de janeiro de 1967, que coíbe este tipo de prática. Posteriormente, este tipo de prática deixou de ser apenas uma contravenção e passou a ser, também, um crime, Lei nº 7.653, de 12 de fevereiro de 1988, que considerou dano ambiental não mais como uma contravenção, mas um crime. Foi um avanço muito importante na nossa luta e uma velha reivindicação dos ambientalistas brasileiros. Um fator que o leigo não leva em conta, neste caso, é que para cada passarinho que se encontra numa loja, 20 ou 40 outros foram capturados e morreram. E muito mais do que isto, pois se sabe que a mortalidade desses animais é enorme, animais que são capturados do seu habitat natural não se acostumam, pois são engaiolados e vêm a morrer. Todos nós sabemos, desde crianças e adultos, que comprando estes animais ou capturando, que o passarinho morre, pois o passarinho se nega a ingerir alimentos. Então, para cada pássaro ou outro animal, por exemplo, para um bugio que é capturado para ser vendido no exterior, temos uma quantidade enorme de animais mortos e feridos que conseguem escapar, ainda, das armadilhas.

Temos aqui no Rio Grande do Sul uma das portas de saída do nosso território para o exterior, via Montevidéu, Buenos Aires, via Paraguai, com destino, inclusive, e, principalmente, aos Estados Unidos, a Nova Iorque, a Los Angeles e cidades da Europa, a saída da nossa fauna, belíssima, para estes países. E como não existe, em primeiro lugar, o cumprimento da legislação federal e há ausência de uma legislação municipal que realmente coíba esse tipo de comércio ilegal, temos hoje a prática oficiosa desse tipo de atividade.

Concluo, agradecendo a atenção e solicitando aos Vereadores que votem favorável a este Projeto, a nossa natureza e os nossos filhos só terão a ganhar com isto. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz, para encaminhar o Projeto.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. Giovani Gregol, eu procurei levantar alguns dados a respeito desse seu Projeto, estive em conversa com o Dr. Fernando Saraiva, que foi Presidente da Associação Ecológica do Rio Grande do Sul, e ele me mostrava detalhes da Lei Federal que já existe regulando essa matéria. E ele me dizia que, mesmo com o seu Projeto, nós não vamos evitar que muitas espécies continuem no cativeiro, como, por exemplo, o canarinho, que não é abrangido pelo seu Projeto, como também não é abrangido pela Lei Federal. Então, a maior parte dos pássaros que nós encontramos engaiolados, que são os canários, continuarão engaiolados. E me dizia ele que existem muitos desses animais silvestres que o cidadão recebe a licença do IBDF para criar um, ou dois, mas abusa dessa licença e cria dezenas desses pássaros em casa e estabelece o comércio ilegal desses pássaros.

Então, é uma pena que mesmo com esse seu Projeto de Lei, que eu julgo ser muito importante, não se consiga proibir, como V. Exª quer proibir o tráfego ilegal de pássaros da fauna silvestre, como é sua intenção. Infelizmente, a fauna brasileira vai continuar, ainda, enquanto não houver uma fiscalização mais rígida, sendo objeto de tráfego. E infelizmente para todos nós, vamos assistindo que a cada dia que passa, não apenas nesse setor, mas em outros setores, não é a legislação que permite alguma coisa, mas é exatamente a falta de fiscalização que nós temos hoje em dia em praticamente quase todos os setores e, principalmente, eu digo, já que nós estamos tratando deste Projeto, neste setor não existe uma fiscalização à altura. Ele me dizia, por exemplo, o número de fiscais que o IBDF tem à disposição para coibir abusos é praticamente um número insignificante, que não daria nem para uma cidade, quanto mais para um Estado todo. E, realmente, isso faz com que, infelizmente, com a boa vontade de V. Exª em tentar combater este tráfico, muito embora seja uma arma a mais, ainda não é arma definitiva.

Mas eu espero que outros projetos como este possam ser colocados aqui na Câmara para que, cada vez mais, a gente vá apertando o cerco e que os Executivos todos se munam da idéia de que precisamos aumentar o setor de fiscalização, a fim de que, algum dia, esse tráfico ilegal possa terminar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha o Projeto, pelo PDS, o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós somos favoráveis ao Projeto. Embora alguma dúvida apresentada pelo nosso Líder, ilustre Ver. João Dib, quanto à legalidade da matéria, eu tenho por norma que, quando há uma dúvida legal referente a qualquer assunto do maior interesse para o homem e o meio ambiente em que o homem vive, é assunto do seu maior interesse a manutenção dos pássaros, a possibilidade que esses pássaros possam viver junto com o homem.

Na dúvida, eu fico com a natureza, fico com os pássaros. Mas eu acho que nem isso, e não deu tempo para a nossa Bancada examinar a fundo a questão legal, o Município tem direito de legislar sobre matéria de seu peculiar interesse. Porto Alegre, hoje, é um viveiro de aves. E por quê? Porque eles foram enxotados do interior pela caça indiscriminada, pelo desmatamento, pelos agrotóxicos e também pelo que os meus amigos italianos gostam muito que é a caça aos passarinhos, para fazer grandes passarinhadas.

Eu me lembrei muito deste Projeto, porque há uns dez dias descobri em minha casa, na janela da sala em que jantamos, um ninho de passarinho, de sabiá. Minha família e eu passamos a nos maravilhar com a sabiá levando inseto, alimento para seus filhotes no ninho. Ontem os dois alçaram vôo. Então, fiquei pensando: se alguém caçasse essa sabiá, como viveriam esses passarinhos lá? Morreriam fatalmente. Nós temos que acolher esse Projeto e desestimular que sejam apreendidos nos arredores de Porto Alegre e interior.

Porto Alegre tem que ser um santuário para as aves e daremos proteção a todos eles. Vamos plantar árvores, proteger, evitar devastação e proibir que haja tráfico de aves indiscriminado. Não poder soltar os canários, fiquemos com eles, dar proteção dentro das gaiolas. Aqui em Porto Alegre tem joão-de-barro. Isto vem acontecendo há oito anos. Vários pássaros, como a gralha azul. Que maravilha! De modo, Vereador, que contará com o nosso apoio, nós daremos o nosso voto favorável e também ajudaremos, com a nossa fiscalização, a fazer com que seja realmente cumprida esta Lei, porque ela é de interesse de Porto Alegre, é de interesse da nossa população. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Ervino Besson, para encaminhar.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nobre colega Gregol, estou de pleno acordo com o seu Projeto de Lei. V. Exª sabe que eu moro ali bem perto da Cidade de Deus, onde existe ainda mata virgem, entre aquele morro da Cidade de Deus e uma parte do Morro do Osso. V. Exª não sabe a briga que eu tenho com aquela gurizada, na época em que os passarinhos estão se reproduzindo. Há diversas crianças ali que estão cuidando os ninhos dos sabiás, principalmente para pegar os filhotes e para vendê-los. E a maioria destes filhotes morre. É triste de ver a quantidade de ninhos que aquelas crianças trazem daqueles morros e depois vendem. Estou de pleno acordo com o seu Projeto de Lei e serei um dos primeiros a fiscalizar isto aqui.

Eu já vi famílias dizerem que querem ter passarinho em casa para mostrar aos filhos e netos como é que eles vivem. Mas não é por aí. Ver. Gregol, faço um convite a V. Exª para visitar um armazém que temos na Rua Amapá, o primeiro, à direita quem sobe. Quando o proprietário do armazém abre o estabelecimento pela manhã, depara-se, além das pombas de casa, com diversos passarinhos, como o sabiá, a pomba-rola, o bem-te-vi, o pardal, enfim, vários tipos, que estão esperando que o dono abra o armazém, para lhes dar de comer. Eles chegam a bicar a porta do armazém, se, algum dia, o dono do armazém demora um pouco para abrir o seu estabelecimento comercial. Tenho dito, diversas vezes, lá na padaria, que um fato de tal importância mereceria ser fotografado, ou filmado.

Portanto, quero deixar aqui os meus parabéns ao Ver. Giovani Gregol pela sua iniciativa, e tenho certeza de eu esta Casa vai aprovar o Projeto por unanimidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação o PLL nº 009/89. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa, Requerimento, de autoria do Ver. Giovani Gregol, solicitando seja o PLL nº 009/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1581/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 077/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que institui a passagem-baldeação no transporte coletivo do Município de Porto Alegre. Com Emendas nos 01 e 02.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Heriberto Back: pela aprovação do Projeto com Emendas nos 01 e 02;

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação das Emendas nos 01 e 02;

- da CEDECON. Relator Ver. Jaques Machado: pela aprovação do Projeto com Emendas nos 01 e 02.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 077/89. Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, tenho uma certa preocupação na discussão deste Projeto do nobre Ver. Isaac Ainhorn, porque me sinto prejudicado na discussão do processo, na medida em que mandei buscar, nos arquivos desta Casa, o processo de autoria do Ver. Mendes Ribeiro, de nº 0570/86, que foi a pessoa que, pela primeira vez, tocou nesse assunto, e que, na ocasião, recebeu um parecer contrário do nobre Ver. Isaac Ainhorn, e o processo, infelizmente, está requisitado pelo Ver. Isaac Ainhorn, isso porque eu gostaria de relembrar as palavras do Vereador, na ocasião, em 1986.

Em segundo lugar, também tentei localizar o Projeto que o nobre Vereador, no ano passado, apresentou a esta Casa, o Projeto do Processo nº 0748/88 e onde eu levantava uma série de considerações sobre a proposta de S. Exª, e vejam que eu não integrava, na ocasião, portanto, a Bancada de Governo. Eu fazia parte de uma Bancada de oposição e, no entanto, já tinha uma posição contrária ao Projeto. Ocorre que também o Processo nº 0748/88 está requisitado pelo nobre Ver. Isaac Ainhorn que preferiu apresentar um novo Projeto que eu não sei se é diferente do Projeto anterior e nem se é diferente do Projeto do Ver. Mendes Ribeiro, já que eu não consegui ter acesso a estes dois Projetos anteriores.

Eu quero dizer, sobre a conversa que tive com o Ver. Isaac Ainhorn, muito rapidamente, em primeiro lugar, quanto à idéia em si de uma passagem-baldeação, me parece que a idéia é apropriada, não sou contrário à idéia de uma passagem-baldeação.

Mas queria colocar duas questões básicas a S. Exª que me preocupam. A primeira é que a redação tem um erro de técnica legislativa, um erro de redação do Projeto do nobre Ver. Isaac Ainhorn, porque ele se refere o tempo todo a empresas concessionárias, quando na verdade em Porto Alegre nós temos empresas permissionárias e isto, evidentemente, prejudica o Projeto. Não é nenhuma coisa impossível, até o Vereador pode fazer a correção através de emenda de Lideranças, mas de toda a maneira assim como está, está prejudicado o Projeto.

Em segundo lugar, eu tenho uma preocupação, Ver. Isaac Ainhorn, Srs. Vereadores, também não é uma preocupação totalmente impeditiva, mas é uma preocupação. S. Exas, independente de nós estarmos de acordo ou em discrepância com a política adotada pelo Executivo, em relação a transporte coletivo, S. Exas acompanharam, durante determinados momentos que em diferentes ocasiões as empresas sob intervenção, sobretudo, conseguiram localizar fraudes no sistema, ora com o passe escolar, ora com o próprio vale-transporte, que inclusive há um número significativo de cobradores, de motoristas, de pessoas, particulares envolvidos na fraude. A fraude tem várias características. Eu me lembro que aqui mesmo neste Plenário há uns três ou quatro anos atrás o Ver. Wilton Araújo, durante um censo, também nos trazia um relato de fraude provocada pela empresa Gazômetro, por exemplo, em torno do talão que era um papelzinho impresso utilizado pela empresa Gazômetro, que era utilizado, aliás, pela Prefeitura para fazer o censo.

O que eu quero colocar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é que cada vez que nós criarmos alguma ficha, algum papel, algum mecanismo a mais, dentro da situação de hoje vivida, eu diria que estamos abrindo mais uma possibilidade de fraude, e, portanto, mais uma possibilidade deste prejudicar o sistema como um todo. Ou seja, vamos criar, conforme diz o Projeto do nobre Ver. Isaac Ainhorn, a obrigatoriedade de emissão quer de talões em papel ou novas fichas, enfim, é uma questão que o próprio Executivo deverá definir na sua regulamentação, talões de papel ou fichas que deverão estar de posse de cobradores para entrega ao passageiro, para que possa pegar um carro de outra empresa diferente, que siga o trajeto que lhe convier.

Ora, eu não duvido que em muito breve, talvez meses, semanas, encontremos aqui mais uma possibilidade de fraude; poderá haver alguma manobra talvez do próprio cobrador, motorista, alegando a quebra do carro, algo assim. O Ver. João Dib conhece bem o sistema, o Ver. Elói Guimarães como Secretário participou deste acompanhamento todo; temos bons e maus profissionais de ambos os lados, e temos aquele mau cobrador, motorista que se vale de vários mecanismos para deixar de trabalhar num determinado momento. A tradição diz que é o freio que não pegou: nenhum gerente de garagem vai correr o risco de recolher um ônibus que está com problema de freio. Ora, este é um risco que não é culpa do Ver. Isaac Ainhorn que propõe o Projeto, evidente que não, mas, é de toda a maneira, mais uma possibilidade de artifício.

É o que eu quero colocar aqui, não como uma posição definitiva, queria deixar isso bem claro ao Ver. Isaac, mas como uma preocupação de que com a eventual aprovação deste Projeto, abriremos mais um ponto de confronto ou de choque eventual entre passageiros, funcionários, empresa e o gerenciamento dessas empresas; o que me parece, neste momento em que a situação ainda é confusa, é no mínimo inoportuno. E, se o Ver. Isaac já tentou, não lembro como é que foi a tramitação desse Projeto no ano passado, se ele foi negado ou o Vereador retirou-o de Pauta ou não deu tempo de ele ser aprovado, se no ano passado a situação estava ao menos aparentemente mais calma, esse Projeto não vingou, eu tenho sérias dúvidas quanto à oportunidade de ele vingar agora.

E gostaria que, por curiosidade, o Vereador, posteriormente, me propiciasse a franquia ao Projeto do Ver. Mendes Ribeiro que, em 1986, já levantava essa questão, porque, como o Projeto está com o Ver. Isaac, eu, até por curiosidade, quis comparar o Parecer e a redação dos dois Projetos e não tive essa possibilidade.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esse mesmo Projeto tinha sido apresentado, na Legislatura passada, por outro Vereador?

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Em 1986, na Legislatura passada, o Ver. Mendes Ribeiro apresentou um Projeto de teor semelhante e eu queria comparar os dois Projetos, mas não tive acesso ao Projeto porque o Processo se encontra no gabinete do Ver. Isaac Ainhorn. Na ocasião, esse Processo teve Parecer contrário do Ver. Isaac Ainhorn.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu tenho, em meu poder, apenas o Projeto anterior, meu, que regula a passagem de baldeação.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não é a informação que tenho do Protocolo, Vereador.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Eu nem tinha conhecimento desse outro Projeto.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Mas o Parecer é seu, Vereador.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Mas eu não tenho conhecimento de que esteja comigo esse Projeto.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu tenho essa informação do Protocolo da Casa.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Como a informação me chegou apenas agora, através da V. Exª, eu informo que não tinha conhecimento e mandei ver se estava em carga e não está em carga comigo.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Recebo o aparte de Vossa Excelência. Como já outras vezes ocorreu de dizerem que estava comigo algum processo que não estava, até pode haver um erro lá embaixo. Em todo caso, quando mandei buscar esses dois Processos, a informação que obtive é que ambos se encontravam com Vossa Excelência. E eu mandei buscar porque em 1986, V. Exª, como Relator do Projeto do Ver. Mendes Ribeiro, foi contrário a esse Projeto. Lembremos: em 1986, quando era Prefeito o Sr. Alceu Collares. E no ano passado V. Exª apresentou esse Projeto, não conseguiu vê-lo aprovado, reapresenta agora e a minha preocupação é de haver a possibilidade de nós estarmos gerando mais uma possibilidade de confronto entre as diferentes partes envolvidas na questão de transporte coletivo de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): O próximo inscrito é o Ver. Isaac Ainhorn, que faz transposição de tempo com o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não vejo motivos para preocupações, Ver. Antonio Hohlfeldt, no sentido de que sejam criados quaisquer embaraços quanto à fiscalização da SMT nas empresas, porque a iniciativa do Ver. Décio Schauren em suprimir o art. 4º, retira o problema de compensação. Acho que não há nada que deva ser compensado. Sabemos que um ônibus não estraga, por exemplo, na Protásio Alves, todos os dias. O ex-Secretário dos Transportes, Ver. Antonio Hohlfeldt, cita o caso de Belém Novo. É verdade, Vereador, mas como Belém Novo só tem aquela empresa, dificilmente vai ser socorrida por outro ônibus. Mas, rigorosamente, vamos supor que esses ônibus venham a estragar no percurso de outras linhas, aí não tem o que compensar, porque quem está usando um serviço público, pagamento adiantado, pagamento à vista, como é o caso do transporte coletivo, também tem que ter a sua quota de participação, de responsabilidade na condução, no transporte da população. Se estragar um ônibus da Belém Novo, aqui na Nonoai, vem um Cavalhada atrás, o pessoal pode ser remanejado para o ônibus da empresa Cavalhada, portando aquele valezinho. Essa passagem que institui a lei é um mero comprovante de que a pessoa estava no ônibus que estragou. Por isso, acho que o art. 4º sendo suprimido resolve a questão.

Sou favorável às duas Emendas, agora, o espírito da lei é que as pessoas não continuem paradas ao longo das avenidas implorando para um ônibus parar, ou a empresa vai enviar daí a meia hora um outro ônibus, ou passam três ou quatro ônibus da mesma empresa sempre lotados. Faz-me lembrar a CARRIS, Ver. Antonio Hohlfeldt, quando estragou um ônibus antes de chegar à Barão do Amazonas, quem vai pela Protásio Alves, estragou o ônibus da CARRIS, ficaram lá as pessoas esperando mais de dez ou quinze minutos um meio de transporte; estragou outro da CARRIS na frente do Barranco e também aconteceu a mesma coisa. Então, esses dois ônibus eu sei, eu presenciei este drama dos passageiros, do usuário do transporte coletivo. Por isto que eu acredito que o Projeto do Ver. Isaac Ainhorn não vai prejudicar a fiscalização, não vai criar nenhum tipo que possa permitir qualquer manobra no sentido que possa burlar o número de passageiro transportado ou criar dificuldades para a elaboração do custo da tarifa. Absolutamente. Vai dar ao usuário do transporte coletivo, àqueles que já pagaram a passagem, um comprovante para poder seguir a sua viagem no primeiro ônibus que vier.

Esta Cidade tem que acompanhar este dinamismo de atenção ao usuário do transporte coletivo. Não pode um morador da Restinga, da Bom Jesus, da Santa Rosa do Ver. José Valdir, por exemplo, ficar lá a população - e o Ver. José Valdir está presenciando todos os dias isto aí -, a população esperando uma hora, uma hora e meia, perdendo o seu horário no serviço, perdendo o seu sábado remunerado, o seu repouso semanal remunerado, porque não completou o horário de trabalho semanal.

Então, para evitar-se isso, eu acho que o Projeto do Ver. Isaac Ainhorn repõe uma situação que existe de fato no nosso dia-a-dia da Cidade. É oportuno o Projeto do Ver. Isaac, criativo, em que pese em uma outra oportunidade ter emitido um parecer contrário a projeto que não era igual a este, era diferente. O Vereador, então, examinando toda esta problemática, apresenta um Projeto simples e que a Casa tem que aprovar em respeito, em consideração ao usuário do transporte coletivo que não pode ficar mais ao longo das avenidas esperando que venha um ônibus vazio, da mesma empresa, a que estragou, para levá-lo até o final da viagem. Portanto, votamos favorável ao Projeto e favorável às suas Emendas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Isaac Ainhorn para discutir o Processo nº 1581/89.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não pretendo usar de todo o meu tempo para discutir este Projeto, apenas gostaria de fazer algumas considerações rápidas. Não pretendo ser um Enéas, porque tenho apenas dez minutos. O que acontece fundamentalmente e até disse, anteriormente, em aparte ao nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, eu não tinha em carga o Projeto elaborado pelo Ver. Mendes Ribeiro e se o tivesse me honraria muito, embora tenha examinado todo esse material. Acho que nós, com a consciência da idade média da frota do transporte coletivo da cidade de Porto Alegre, temos que ter presente que precisamos preservar fundamentalmente o usuário, essa vítima maior do sistema do transporte coletivo na cidade de Porto Alegre.

É comum, e todos os Srs. Vereadores são testemunhas neste sentido, o número de ônibus de diversas empresas que vemos estragados, parados, com o célebre banco colocado estrategicamente para cima em função de problemas mecânicos. Como o contrato de prestação de serviço não foi implementado na sua totalidade, evidentemente, aquele que ultrapassou a roleta não pode ser prejudicado de modo a ser obrigado a entrar num ônibus completamente lotado e ser esmagado como sardinha na parte dianteira, em função de já ter pago a passagem. Mesmo que faltasse apenas uma quadra para ele chegar ao seu destino final, o fato de o ônibus ter estragado faz com que haja o ressarcimento daquele dano havido por ele da não-complementação da prestação de serviço, ou seja, levar a pessoa de um ponto qualquer àquele que ela pretende.

Eu quero dizer também que a questão do art. 4º em referir concessionário, este problema dispensaria até uma emenda, porque poderíamos até, na Redação Final, resolver, como usualmente temos feito na Comissão de Justiça com processos que tenham origem no Executivo, em que questões desta natureza passam aqui para não truncar o processo legislativo e nem os interesses da Cidade, nem da Administração do PT, nós resolvemos problemas no âmbito da Comissão de Justiça em matéria de Redação Final. No entanto, quero dizer pessoalmente que sou favorável a ambas as Emendas apresentadas pelo Ver. Schauren e uma delas resolve o problema simplesmente suprimindo o art. 4º do presente Projeto de Lei.

E, por último, quero dizer que evidentemente essa Lei tem um prazo para regulamentação de 30 dias, isso não quer dizer que a Administração Popular, é óbvio, do ponto de vista técnico-legislativo que daqui a 30 dias terá que colocar em execução a passagem-baldeação. Não. Ela nos 30 dias da publicação da lei, se sancionado pelo Sr. Prefeito, ele deverá dizer quando será colocada a passagem-baldeação em execução. Ele pode entender que tecnicamente ele precisa de quatro, cinco, seis meses para implementar esse sistema, é o que também cobramos, com a maior clareza, com relação à questão da passagem escolar unificada.

Sempre entendemos que dificilmente ela poderia ser colocada em vigência este ano; agora, na regulamentação que tinha 60 dias, eles tinham que dizer, esse é o meu entendimento, que no dia 15 de fevereiro, por ocasião do novo ano letivo, porque passagem escolar não se pode usar no período de férias, no dia 15 de fevereiro deveria, isso sim, colocar em execução a passagem escolar unificada. Isso foi o que cobramos com relação à passagem escolar unificada. Então, na regulamentação, que terá 30 dias, o Poder Executivo poderá dizer o seguinte: “A colocação da passagem-baldeação se dará a partir do dia 1º de março de 1990”. É uma faculdade, uma competência legal que tem o próprio Poder Executivo nesse sentido para implementar a sua proposta.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para colaborar com V. Exª para que não incorra num equívoco, a passagem escolar pode ser usada a qualquer momento e não podia, até no início desse ano, ser usada a qualquer momento, era a carteira de identidade escolar que valia até o final do ano e, através do protocolo firmado no início desse ano com as entidades estudantis e os permissionários, nós fizemos com que a carteira ficasse valendo até o dia 15 de fevereiro de 1990, que é exatamente o momento em que se inicia a colocação das novas carteiras. Então, na prática havia um buraco, digamos assim, a passagem valia, mas para usar a passagem tinha que ter a carteira e a carteira não valia. Então nós corrigimos esse buraco, fazendo com que também a carteira tenha uma validade plena de período. Então quero apenas esclarecer para V. Exª de que da nossa parte, enquanto estive na SMT, a regulamentação foi preparada pela área jurídica, com algum atraso, quero lhe dizer, com algum atraso nós enviamos à Procuradoria, creio que dois ou três dias antes do prazo.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Até hoje não saiu a publicação, a regulamentação, embora o diligente Assessor do Sr. Vice-Prefeito tem se esforçado nesse sentido, dando inclusive razão a este Vereador.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: O prazo vencia no dia 04 de outubro e eu mandei no dia 03 de outubro à Procuradoria, a prática é de revisar, completar se for necessário ou então mandar para a publicação.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu fiquei até muito satisfeito porque o próprio Assessor disse que o meu Projeto permitiu entendimentos que eram comuns em termos de posições do Executivo Municipal e da ATP.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: A minha única resistência ao seu Projeto era o problema da utilização imediata. O prazo da regulamentação nós prevíamos a 15 de fevereiro, que é exatamente quando vence o prazo atual da validade das carteiras. Nesse ponto, quando sai da SMT, o entendimento com a PROCEMPA já estava encaminhado, exatamente neste sentido, para que a partir do dia 15 de fevereiro haja a passagem unificada com responsabilidade absoluta da SMT, que não impedirá a distribuição das carteiras pelas entidades estudantis, mas o cadastramento será feito na SMT. E digo mais, Vereador, diminuiremos em 50% o número de “estudantes” que usam as carteiras de estudantes.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu quero dizer que, se tivesse uma Emenda no Projeto que dissesse que a execução da passagem unificada começaria no dia 15 de fevereiro ou no dia 1º de março, eu estaria de pleno acordo, porque sei das dificuldades da implantação de um projeto dentro dessa ótica.

E em relação ao meu atual Projeto da passagem-baldeação, o meu entendimento é o mesmo, no sentido de que a Prefeitura precisará necessariamente de um prazo para colocá-lo em execução. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passarmos para o próximo orador, a Mesa quer registrar a presença na Casa do Professor Darci Campani, Diretor-Geral do DMLU.

Com a palavra, o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, apesar da evidente contradição que mais uma vez incorre o Ver. Isaac Ainhorn, eu vou votar a favor desse Projeto com as Emendas do Ver. Décio Schauren, por uma razão muito simples, porque a solução para esse problema da demora da baldeação do pessoal que fica nas paradas, quando quebra o ônibus, há muito o movimento comunitário vem reivindicando. Então, vou votar a favor por uma questão de coerência. Isto já vem sendo defendido há muito tempo. Agora, não posso deixar de registrar que, mais uma vez, o Ver. Isaac Ainhorn está se notabilizando nesta Casa por suas incoerências, porque as posições do Vereador é como diz aquela música: problema de hora e lugar. Ao mesmo projeto deu parecer contrário e agora o apresenta. No dizer do Ver. Clóvis Brum, é um projeto oportuno e criativo e o Ver. Dilamar acrescentou inteligente. Folgo em saber que o Vereador está se tornando oportuno, inteligente e criativo. É interessante que esse tipo de projeto há três anos era ruim e agora passa a ser bom. Essa contradição não sou eu que vou resolver, é contradição do Ver. Isaac Ainhorn. Eu sou coerente com a posição que há muito tempo nas tribunas do movimento popular venho defendendo, pois é inadmissível que continuem os usuários do transporte coletivo esperando por um ônibus de linha por uma hora ou mais nas paradas. Então, em que pese defender agora só este Projeto e num passado recente ter sido contra, sou a favor do Projeto do Ver. Isaac por questão de coerência, porque, no movimento popular, sempre defendemos uma solução para este grave problema que é mais um problema que inferniza a vida da população usuária de Porto Alegre.

Acho que as Emendas do Ver. Décio Schauren vêm exatamente aperfeiçoar este Projeto. Acho, também, que não tem que compensar nada, até porque estamos legislando sobre uma situação que é extraordinária, que é a situação de um ônibus quebrar, e não sobre uma situação regular. Não tem que compensar nada até como forma de os próprios empresários, ao se sentirem prejudicados quando uma empresa começar a ter muitos ônibus quebrados também se motivarem a exercer pressão para que tal empresa comece a renovar a frota, comece a melhorar o transporte coletivo para que eles não arquem com o ônus de transportar passageiros de empresas sucateadas, cujos empresários não se preocupam com a renovação de frota. Assim, eu acho que as duas Emendas, a nº 01 e a nº 02, do Ver. Décio Schauren, vêm aperfeiçoar o Projeto e eu vou votar a favor do Projeto e das Emendas. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 077/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação as Emendas que têm Parecer favorável. Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.

Sobre a mesa, Requerimento, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando seja o PLL nº 077/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1947/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/89, que cria funções gratificadas no Departamento Municipal de Água e Esgotos.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. João Motta: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver. Airto Ferronato: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 026/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando seja o PLE nº 026/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0849/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 048/88, de autoria do Ver. Aranha Filho, que acrescenta parágrafo ao artigo 5º, da Lei nº 3.187, de 24 de outubro de 1968, que estabelece normas para a exploração do comércio ambulante e dá outras providências. Com Substitutivo e Emendas nos 01, 02, 03 e 04.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação do Substitutivo e das Emendas nos 01, 02 e 03;

- da CFO. Relator Ver. Vieira da Cunha: pela aprovação do Substitutivo e das Emendas nos 01, 02 e 03;

- da CEDECON. Relator Ver. Leão de Medeiros: pela aprovação do Substitutivo e das Emendas nos 01, 02 e 03.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 048/88. Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto, do Ver. Aranha Filho, teve origem no ano de 1988, quando o então Secretário, Ver. Nereu D’Ávila, cometeu uma falha que, na nossa intenção, teria que ser averiguada. De acordo com as informações que nós obtivemos, o Secretário, então Ver. Nereu D’Ávila, apreendia mercadorias dos camelôs do Centro da Cidade e algumas dessas mercadorias, como, por exemplo, os relógios e outros utensílios que, muitas vezes vinham lá do Paraguai, eram distribuídas por clubes de mães e outras entidades. Como estávamos em um ano eleitoral, achei por bem fazer com que esta ação fosse averiguada pela Receita Federal, pela Polícia Federal e pelos órgãos que tinham competência sobre a matéria.

Mas acontece que quando surgiu esta discussão nós dizíamos aqui, neste Plenário, que todas as mercadorias - e me corrijam se eu estiver errado - que entrarem irregularmente dentro do País, que forem fruto de contrabando, as mercadorias que ilegalmente entram no País são mercadorias que têm a ver com a Polícia Federal e com a Receita Federal, não é o Município que pode dispor destas mercadorias. Se existe apreensão destas mercadorias nas zonas centrais da Cidade, em qualquer local da Cidade e estas mercadorias não são reclamadas, como está dizendo aqui, elas não podem ser colocadas à disposição para que elas possam ser doadas para entidades beneficentes ou não. Eu acredito que estas mercadorias têm que ser devolvidas para a área federal, têm que estar à disposição da Receita Federal, têm que estar à disposição não sei se da Receita Federal ou da Polícia Federal para que eles, com a competência que têm, possam dar a destinação para estas mercadorias. E eu acredito que não são os órgãos municipais encarregados deste setor que deverão se incumbir de dar a destinação para estas mercadorias. Ver. José Valdir.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª diz que é uma crença isto, ou é uma afirmação de que existe alguma legislação que impede o Município de dar um destino final a esta mercadoria. É uma legislação ou uma conjectura de Vossa Excelência?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. José Valdir, uma mercadoria oriunda de contrabando, quem tem ascendência sobre essa mercadoria são os órgãos federais, não são os órgãos municipais. Uma mercadoria que deu entrada ilegalmente no País não pode simplesmente ser apanhada pelo órgão municipal e este dar destino a esta mercadoria.

 

O Sr. José Valdir: Existe alguma legislação sobre isto, Vereador?

 

O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Emenda do Ver. Nereu D'Avila, que é a nº 03, exatamente, refere-se a mercadorias apreendidas, que é a legislação federal, através do contrabando, é o Decreto-Lei nº 1.455, de 27 de abril de 1976, que diz exatamente isto: que esses objetos deverão ser destinados à Receita Federal.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Era o entendimento que tínhamos, eu não conhecia o número da Lei, mas quando encaminhamos a ação do Secretário Nereu D’Ávila para averiguação da Polícia Federal e da Receita Federal, no ano passado, foi exatamente pelo entendimento que tínhamos, de que apenas os órgãos federais poderiam dispor dessas mercadorias.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu não vejo aqui, pois, o Município apreendendo mercadorias, não necessariamente estrangeiras, apenas mercadorias que não têm autorização para serem vendidas.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Não necessariamente, mas entre mercadorias, como no ano passado, muitas mercadorias que foram distribuídas pelo Município eram de origem estrangeira. Por isso, tomamos cuidado naquela oportunidade. Agora, parece que o próprio Ver. Nereu D’Ávila toma o mesmo cuidado com relação a este Projeto do Ver. Aranha Filho, colocando na sua Emenda n° 03 exatamente essa ressalva, deixando de lado aquelas mercadorias que entrarem ilegalmente no País, acho que essa Emenda n° 03 corrige a possível falha que existia no Projeto do Ver. Aranha Filho. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação, o Substitutivo ao PLL n° 048/88. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO. Fica, portanto, prejudicado o PLL nº 048/88 e a Emenda nº 04 a ele aposta.

Em votação as Emendas.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): A Emenda nº 01 e a Emenda nº 02 são conflitantes. Aprovada uma, estará praticamente eliminada a outra.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Nobre Ver. Luiz Braz, creio que V. Exª não entendeu bem. Uma das Emendas se refere a equipamentos e mercadorias não-perecíveis e a outra se refere a mercadorias perecíveis.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação as Emendas nos 01, 02 e 03 apostas ao Substitutivo. Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.

Sobre a mesa, Requerimento, de autoria do Ver. João Dib, solicitando seja o Substitutivo ao PLL n° 048/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2332/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 024/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Jornalista Juarez Antônio Bittencourt Fonseca.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CEC. Relator Ver. Adroaldo Corrêa: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 024/89. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PR nº 024/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa, Requerimento, de autoria do Ver. Valdir Fraga, solicitando seja o PR nº 024/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2771/88 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO Nº 019/88, referente ao Contrato de concessão de direito real de uso que fazem entre si o Município de Porto Alegre e a Associação Gaúcha de Apicultores - AGA -, visando ao fomento às atividades apícolas do Município de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver. Luiz Machado: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Heriberto Back: pela aprovação;

- da CEDECON. Relator Ver. Jaques Machado: pela aprovação;

- da COSMAM. Relator Ver. Gert Schinke: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PA nº 019/88. (Pausa.) Em votação. Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esse convênio de concessão de uso real é extremamente importante porque pela primeira vez a Associação Gaúcha de Apicultores está conquistando um espaço para instalar uma casa do mel. Como sou ex-apicultor - fui profissional dessa área juntamente com aquela outra profissão que todos sabem, a de transportador escolar -, considero a apicultura como uma das coisas mais fascinantes que existe. Pessoalmente, trabalhei nesse ramo durante alguns anos e tive que deixar por impossibilidade de manter o rendimento necessário para as colméias. Sendo o mel uma das substâncias mais ricas, mais saudáveis que existem, tem um papel extremamente importante para a saúde. Cabe a nós aprovarmos este pedido que vem do Executivo, viabilizando este convênio, que poderá dar condições para a construção da casa do mel, uma reivindicação antiga dos apicultores de toda a Região Metropolitana, que poderão se servir das instalações para tirar o seu mel. Agradeço a oportunidade, pedindo a aprovação de toda a Casa para este convênio.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PA nº 019/89. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2631/89 – REQUERIMENTO Nº 214/89, de autoria do Ver. João Dib, solicitando seja inserido nos Anais da Casa o Editorial publicado no Jornal Correio do Povo, sob o título “Racismo, nunca mais”.
 
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Vicente Dutra: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver. Airto Ferronato: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento nº 214/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

É a seguinte, portanto, a matéria a ser inserida nos Anais:

“Racismo, nunca mais

Em pleno final do século XX as pessoas ainda são obrigadas a realizar manifestações contra o racismo que, mesmo de forma velada, continua existindo. E não é apenas o negro que é discriminado pela sociedade. Os judeus, vítimas de tantas atrocidades no passado, ainda sofrem com a segregação racial. A sociedade praticamente obriga estas minorias a viverem separadas do restante da população. Somente aquele que se sobressai de alguma forma aos outros consegue impor-se e conquistar um espaço, tanto na vida profissional quanto na comunidade a qual pertence. O operário Júlio César, por exemplo, negro e pobre, foi morto pela Polícia em Porto Alegre, no ano passado, ao ser confundido com um assaltante.

Contra esta discriminação é que o Movimento Popular Anti-Racismo no Rio Grande do Sul tenta lutar. Para isto, o primeiro passo foi dado esta semana. Vinte outdoors com as palavras ‘Holocausto/Soweto, nunca mais’ foram colocados estrategicamente nos pontos principais de Porto Alegre, e têm por finalidade básica alertar a população para que os genocídios e as discriminações – sejam raciais ou religiosas – nunca mais voltem a acontecer.

O Movimento Popular Anti-Racismo foi criado há pouco tempo e já congrega 23 entidades, que estão preocupadas com o ressurgimento, tanto no Rio Grande do Sul como em todo o país, das idéias perniciosas de Hitler. No mês de agosto, por exemplo, centenas de buttons, que estampavam a suástica nazista, estavam sendo comercializados como bijuterias por camelôs da cidade. Também a publicação de livros anti-semitas, através da Editora Revisão, tem provocado o ressurgimento de idéias nazistas e racistas no Brasil.

Não se pode entender e muito menos aceitar que existam pessoas em nossa sociedade que aprovam os milhares de assassinatos cometidos por Hitler e seus comandados contra pessoas inocentes, cujo único pecado era não pertencer à raça ariana. Os próprios alemães, hoje, têm vergonha do seu passado e não gostam de lembrar o genocídio cometido há mais de quatro décadas. O Movimento gaúcho quer ‘um mundo melhor para nossos filhos. Nunca mais o genocídio, nunca mais o racismo, nunca mais o preconceito, nunca mais a intolerância’. A humanidade não merece mais esta vergonha. O homem, neste final de século, se prepara para dominar o espaço e conquistar novos mundos. Voltar a difundir as idéias de Hitler e insistir no racismo seria, no mínimo, um retrocesso. Além de muita insensatez.”

 

(Obs. Foram aprovados os demais Requerimentos, conforme consta na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ainda, de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando Moção de Apoio à Carta de Porto Alegre, de 15 de setembro de 1989, elaborada suprapartidariamente pelos Secretários de Finanças das Capitais.

Em votação. Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como eu prezo muito a minha coerência, eu votarei contra essa Moção de Apoio porque nesta Moção estão incluídos todos os aumentos de impostos que sou contra em Porto Alegre. O Ver. Flávio Koutzii, com a sua inteligência que lhe é peculiar, com a sua acuidade, tenta passar o cavalo-de-tróia para que depois os que forem a favor deste Pedido do Secretário da Fazenda e que votaram contra o aumento de impostos sejam considerados incoerentes.

Então, já que esta Moção veio totalmente fora de hora, de espaço e de tempo, eu votarei contra porque sou contra o aumento de impostos em Porto Alegre, ao menos alguns impostos em Porto Alegre.

Até sob este aspecto financeiro eu comunico à Casa, aos Srs. Vereadores, que entrei com uma Emenda ao Projeto de empréstimo do DMAE à Prefeitura Municipal, fixando prazo para retorno daqueles créditos adicionais e fixando também que deverá haver correção monetária, porque da maneira como o Projeto veio aqui se trata de uma simples doação do DMAE à Prefeitura, porque não tem prazo de retorno e nem é fixada qualquer correção monetária sobre o assunto.

Então, como esta Moção é muito ampla e visa arrancar o que pode do contribuinte, eu votarei contra a Moção de Apoio proposta pelo Ver. Flávio Koutzii, diligente Líder do PT nesta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii, para encaminhar.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, longe de mim o cavalo-de-tróia, menos ainda o cavalo branco do Caiado, porque é um cavalo que só caminha com a pata direita.

De fato, eu não estava presente no Plenário quando o Presidente anunciava esta Moção, esta proposta nossa, mas justamente para nós ela não é uma mera formalidade, é a preocupação de trazer para o conjunto das Bancadas e ao conjunto dos Vereadores da Casa, esta que é a terceira reiteração, a Carta de Porto Alegre, de um diagnóstico que todas as Prefeituras de Capital, independente de partido, têm feito da situação em que se encontram. Portanto, ao contrário do que diz o Ver. Zanella e independente do que ele pensa que seja a coerência - ele tem a sua coerência, nós temos a nossa -, trata-se de realmente sublinhar as enormes dificuldades, mostrar que elas não são o produto duma má gestão deste ou daquele partido e de que, mais do que nenhum outro momento, às vésperas do debate do Orçamento, cabe colocar ao conhecimento da Casa esta Carta de Porto Alegre que acentua o decréscimo brutal das receitas próprias do Município, a redução crescente da importância e do percentual do IPTU, do conjunto da arrecadação, a ausência de uma otenização dos próprios impostos municipais, o que o coloca fora e deslocado da lógica com que funciona neste momento o sistema e o mundo econômico e financeiro do nosso País.

A degradação do valor proporcional de uma série de impostos e a verificação dramática de que este é um dilema que vale para Curitiba, que vale para Rio de Janeiro, Natal, para Salvador, para Campo Grande, para Teresina e Goiânia, para Maceió, Cuiabá, Recife, João Pessoa, Fortaleza, Belo Horizonte e outras Prefeituras, incluindo, evidentemente, Vitória, São Paulo e Porto Alegre. Então, não queremos que essa Moção passe assim, desatentamente, foi muito oportuna a sua intervenção, Ver. Zanella, porque colocou em relevo o interesse e o sentido de nossa proposta.

Reiteramos uma vez mais a solicitação do acolhimento dessa Moção, porque não ter em conta o fenômeno geral já é de uma cegueira incomensurável. É claro que essa Casa vai debater alguns aspectos do Projeto, dos diferentes projetos que enviamos aqui, talvez aprove alguns, não aceite outros, modifique outros, mas tem uma preliminar que essa Moção garante e que pode ser partilhada, é que há uma situação crítica, é que há uma situação dramática e o exemplo de coerência e a coerência que esperamos, independente das cores partidárias, é o registro nacional de que esse é um drama que assola as Capitais e os Municípios. Essa é a primeira coerência que se pede aos Vereadores da cidade de Porto Alegre porque esse compromisso número 1, o compromisso com a Cidade; podem ter acordo ou desacordo com esse ou aquele projeto, mas certamente devem estar preocupados com a necessidade de reforçar os recursos do Município sob pena de inviabilizar a vida dos cidadãos da Cidade. Obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDT, o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Bancada do PDT votará favoravelmente à Moção apresentada pelo Ver. Flávio Koutzii, mas não poderia deixar de ocupar a tribuna, principalmente em função do que colocou aqui o Ver. Artur Zanella. Para deixar claro, Ver. Zanella, que o voto favorável da nossa Bancada a essa Moção, jamais acarretará, implícita ou explicitamente o apoio, desde já, aos Projetos mandados por esta Casa no que diz respeito à reforma tributária que se pretende fazer no Município de Porto Alegre. Pela simples razão de que esta Carta contém princípios gerais da situação em que vivem as Prefeituras das grandes Cidades. E o que nós temos correndo Pauta na Câmara de Porto Alegre são Projetos específicos a respeito de impostos, de tributos que se quer modificar, e alguns, inclusive, se quer instituir em Porto Alegre.

Portanto, fica aqui registrado, até para evitar as cobranças futuras a que se referiu o Ver. Zanella, que a Bancada do PDT vota favorável à Moção, mas que isso de maneira alguma significa um apoio prévio aos Projetos do Executivo que tramitam nesta Casa. Esses Projetos estão sofrendo um exame profundo por parte dos Vereadores do PDT na Câmara Municipal, há uma assessoria dissecando e analisando um por um dos Projetos de Lei e, oportunamente, nós teremos condições de dar a posição oficial da Bancada sobre cada um dos Projetos. O que nós podemos desde já adiantar é que se por um lado a Prefeitura de Porto Alegre passa por dificuldades financeiras e orçamentárias, também é verdade que a população de Porto Alegre está submetida, em geral, a dificuldades financeiras muito grandes e que nos parece difícil sustentar uma posição de aumento ou de criação de impostos, que venha acarretar dificuldades, mais ainda, aos assalariados.

Portanto, a nossa posição, se por um lado de apoio a esses princípios gerais, por outro lado é de analisar com muita profundidade, com muita seriedade esses Projetos que tramitam na Casa. Porque o reconhecimento das dificuldades da Prefeitura, não pode significar, também a aprovação de Projetos que venham a onerar a parcela da população que não tem sequer condições de se alimentar dignamente, de pagar o transporte para si e para sua família, de prover as suas mínimas condições de dignidade de vida.

Portanto, esse assunto é muito complexo e vai exigir muitos debates ainda nesta Casa. Não será com um voto favorável, Ver. Artur Zanella, a uma Moção que contém princípios gerais que vamos adiantar a nossa posição sobre esses problemas tão complexos que dizem respeito a uma verdadeira reforma tributária que pretende o Executivo implantar na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vicente Dutra, pelo PDS.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, manifesto o voto contrário da Bancada do PDS, porque a Bancada do PDS entende que qualquer documento que for produzido por um grupo de trabalho integrado por Secretários de Fazenda sempre pedirá aumentos de 1.000%, 5.000, não há limite. Isto é explicado porque é um órgão técnico que cuida de gestão das finanças do Município e tem a pressão de todos os demais colegas na execução do programa dos Prefeitos para buscar dinheiro onde não tem. É evidente que é um saco sem fundo, porque a comunidade pede, pressiona os Secretários e eles vão pressionar os Secretários da Fazenda. E eles fazem reuniões para pedirem aumentos de impostos. Sempre foi assim e sempre será.

O ilustre Líder, Ver. Flávio Koutzii apresenta esta Moção. Ele dá as linhas da Carta de Porto Alegre e ela parte de um equívoco: equívoco do qual o Secretário como técnico competente que é, sabe que estão tentando vender para a população de que houve uma baixa dos tributos. Não é verdade. O que houve é que, com a nova Constituição, a parcela de retorno dos tributos federais recolhidos pela União e pelo Estado, aumentou. Evidente que a parcela de recursos dos impostos cobrados pelo Município ficou percentualmente, no globo geral, inferior, mas não significa que baixou, ao contrário, aumentaram. Aumentaram os impostos municipais e aumentou, sensivelmente, o retorno dos impostos federais. Este é o grande equívoco, entre aspas, que querem os Secretários fazer para justificar esta orgia de aumentos que se está tentando fazer.

Com relação ao Orçamento, Ver. Flávio Koutzii, é uma outra questão que nós vamos examinar item por item, vírgula por vírgula, mas a Carta, lamentavelmente, a Bancada do PDS vota contra. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Moção de Apoio. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, contra os votos dos Vereadores Artur Zanella, Isaac Ainhorn, Vicente Dutra, Leão de Medeiros e Mano José.

De autoria do Ver. Isaac Ainhorn, Requerimento solicitando a convocação do Secretário Municipal da Fazenda, João Verle.

Em votação. Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desde o início do mês, felizmente, hoje, finalmente nós votamos este Requerimento de convocação do Sr. Secretário da Fazenda para aqui comparecer, nesta Casa, para se manifestar sobre este pacote fiscal que mais nos parece senão gravames violentíssimos que começam a se apresentar contra o contribuinte da cidade de Porto Alegre. Infelizmente, a prática do Sr. Secretário da Fazenda tem sido uma prática autoritária, uma prática que funcionaria bem no Chile de Pinochet ou na Alemanha Oriental. Lá funcionaria bem a prática, porque ele simplesmente diz que os dados são resultados de estudos, desrespeitando este Poder Legislativo, subestimando a capacidade da Assessoria Técnica desta Casa.

Quando eu tive um debate com ele porque havia uma divergência de números entre levantamentos e estudos que fiz em relação às repercussões do Projeto de Lei no Imposto Predial do ano que vem, ele simplesmente disse - e tem saído nos meios de comunicação - que este Vereador estaria fazendo terrorismo. Não é maneira de encaminhar uma discussão séria e responsável, numa estrutura democrática de poder. O Vereador suplente da Bancada do PT está adotando uma prática, no Poder Executivo, autoritária, fascistóide. E este Vereador, num debate que teve com o Secretário da Fazenda, chegou a dizer, inclusive a admitir que poderiam os dados deste Vereador e da sua assessoria não estarem corretos, mas convidava o Sr. Secretário a proporcionar o encontro da Assessoria Técnica da Câmara de Vereadores com a Assessoria Técnica do Secretário da Fazenda, para cotejar os dados, para haver um encontro, para verificar o que há com estes números, que não fechavam. Não, se apressou, rapidamente, em contestar os números apresentados por este Vereador e não quer a discussão, não quer o debate. Por isto, a importância que tem o comparecimento do Secretário aqui e ninguém vai nos intimidar, no exercício do nosso mandato de Vereador, ninguém vai intimidar este Vereador, propagando que este Vereador é oportunista, que este Vereador procura, através de dados, aterrorizar a população de Porto Alegre.

Eu acho que estabelecer um amplo debate seria o caminho. Acredito que seja esta uma atitude unilateral do Sr. Secretário da Fazenda, porque ele não está tendo nem a sensibilidade política de estabelecer uma negociação com o Poder Legislativo Municipal. E não venha o Sr. Secretário da Fazenda nos ameaçar com chantagens de que, se nós não aprovarmos este Projeto, o aumento não será de 2.500, 3.000%, será de 20.000%. Sabem por quê? Porque o metro quadrado da construção é estabelecido por decreto, a planta de valores é estabelecida por decreto e, se nós não aprovarmos estas alíquotas, estaremos aprovando as alíquotas de 0,85 e 1,2, que são as atuais alíquotas do sistema, à luz do Direito positivo.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu questiono a forma de proceder do Sr. Secretário da Fazenda, que poderia até discordar deste Vereador, mas não simplesmente dizer que este Vereador está fazendo terrorismo. Não, este Vereador pode até, nos seus dados, não estar correto, até porque os Poderes Legislativos, historicamente, têm sido poderes fracos perante o Executivo, eu não estou falando da história de Porto Alegre, estou falando num contexto global. A gente tem dificuldade nas Câmaras de Vereadores, nos Parlamentos estaduais, federais, temos dificuldades com as Assessorias Técnicas, porque não temos as estruturas que nos últimos 25 anos da ditadura deste País se implementou dentro do Poder Executivo e, talvez, até os nossos dados não estejam certos, o que não é verdade, porque os dados estão sendo ratificados, tive o cuidado de ouvir alguns assessores técnicos da Casa, e eles confrontavam a posição da minha assessoria pessoal, no sentido de que os meus dados estão corretos, e a verdade só poderá ser constatada se o Projeto passar, e a população de Porto Alegre, a partir de janeiro, aparecer no computador o valor efetivo do imposto predial a pagar.

Por isso, achamos fundamental, num clima democrático, como tem sido o procedimento deste Vereador, de convocar, por força regimental, o Sr. Secretário Municipal da Fazenda para debater democraticamente com o Poder Legislativo. O Sr. Secretário tem que aprender a ser democrata, se lá no seu fundo ele é autoritário, se ele quer estabelecer nas suas convicções ideológicas a ditadura do proletariado no Brasil, ele tem que se adaptar, pelo menos, agora, às regras do jogo do poder atual, que é a democracia, é o pluralismo, é a liberdade de organização partidária. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós, inicialmente, estamos favoráveis ao pedido do nobre Ver. Isaac Ainhorn, de que o Sr. Secretário venha a esta Casa prestar esclarecimentos daquilo que é objeto no pedido do Vereador. E mais, com relação a este pedido vamos dizer o que já dissemos, fizemos um pedido ao Sr. Prefeito para que nos comunique quais foram os pedidos feitos pela representação popular com referência ao Orçamento de 1990, e mais, deste conjunto de pedidos, quais os que foram aceitos, que foram incluídos no Orçamento, ou seja, o que se pediu, e o que se incluiu, até para que se possa comparar a própria representatividade incluída no Orçamento. E com referência às informações dos projetos que chegaram à Câmara, pretendo hoje ainda fazer uma exposição aqui.

Mas eu queria dizer o seguinte: nós vamos acompanhar o PDT do Rio de Janeiro, de Viamão. E nós vamos ver qual é o comportamento do PDT. Isto nós vamos fazer, porque não se consegue reformas sociais justas, se quando um partido apresenta alguma proposição de reforma social justa porque se está na oposição se critica. Eu não critico. Era isto que eu gostaria de dizer. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador, Ver. Flávio Koutzii, para encaminhar.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. Isaac Ainhorn, o seu atrevimento é infinito, porque talvez os adjetivos que usou em relação ao Secretário Verle não só são inadmissíveis pela trajetória democrata e lutadora que é a de João Acir Verle, com quem partilhei os primeiros anos de luta na Faculdade de Ciências Econômicas, quando fica cada vez mais evidente para mim que esta crítica que lhe é feita, Ver. Isaac, a palavra terrorista que geralmente é usada para outro tipo de assunto, é a caracterização que certamente o Secretário encontrou para designar a mesma coisa que eu tenho assistido nos meios de comunicação, especialmente no Câmara 2, onde com a sua indiscutível inteligência e senso de oportunidade ou de oportunismo tem criado e já escolheu o campo, isto é evidente, e evidente que o Ver. Isaac Ainhorn escolheu uma batalha frontal, não só para separar o que lhe parece justo do injusto, do conjunto de propostas, mas para se notabilizar por um combate associado à noção de denúncia política, associado à noção de que isso é para explorar o povo e para trair os interesses do povo.

Então, por favor, não fique tão indignado, porque V. Exª sabe muito bem o que está fazendo. Escolheu o seu campo. E o seu campo, no meu entendimento, tem uma importante dose de mentira e mistificação. Por que V. Exª tem todo o direito de pensar o que quiser e lutar, isto é próprio da democracia. Mas, sem dúvida nenhuma, a forma extraordinariamente exagerada e pouco equilibrada de avaliar a questão, que o que está em jogo é o mesmo tema que me levou a apresentar aqui a Moção, é profundamente injusta e unilateral. Serve a seus interesses políticos individuais, mas não serve à causa da clarificação desse debate que não pode estar subordinado a uma exploração política conjuntural através das presidenciais e através dos interesses do PT e do PDT. Ao contrário, o tema central é Porto Alegre, sua crise e suas necessidades.

Portanto, é uma grande injustiça dizer que o Secretário é autoritário, porque não somente ele partiu para qualquer debate que lhe for oferecido quando, ele, evidentemente, está à disposição desta Câmara, na Sessão em que agora é convidado, mas para uma discussão individual, por Partido ou por Vereador, ele tem estado à disposição para fazer isto, e gostaria de dizer, em nome deste Secretário, a quem tenho a honra de ter uma profunda amizade, não só o companheirismo e a identidade político-ideológica, de que é muito fácil – e quero ser muito claro nisso aí –, se tivesse espaço num meio de comunicação, eu o usaria. Claro isso? Mas, eu digo, e agora mesmo esse espaço se abre ao Ver. Antonio Hohlfeldt, já existe para o Ver. Dib e para o Ver. Ferri, já existe há um tempo importante para o Ver. Isaac, e eu não tenho objeções a isso, mas eu quero constatar que o privilégio de um Vereador, no sentido em que ele tem uma outra tribuna, que é uma tribuna pública, que fala para milhares e milhares de pessoas nesta Cidade, multiplica o próprio valor do seu mandato. Constato isso. É frio, objetivo e evidente.

Então, é lógico que o Secretário da Fazenda tenha que imediatamente enfrentar os argumentos que V. Exª coloca, e o faz com números em todos os momentos, como também produziu a prática, que não é valorizada nesta Casa, de apresentar nos boletins da Prefeitura os resultados e o balanço mensal da situação financeira da Prefeitura. Quando se fala em transparência, em critério, é importante recordar esse comportamento, que no fundo é uma disposição de diálogo, uma atitude democrática que nunca faltará nem ao PT, nem ao Secretário Verle, e é claro que este convite é mais do que oportuno, é necessário. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella, para encaminhar.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como não sou um privilegiado, que tem espaço jornalístico à disposição, eu tenho que me resignar a discutir esses assuntos aqui na Casa, e eu acho muito boa essa convocação, porque o termo regimental é convocação, é um convite, mas o Regimento fala em convocação.

Eu queria dizer, Ver. Flávio Koutzii, que tenho estranhado a forma como o Dr. Verle tem debatido esses assuntos; o Dr. Verle não parece mais ser aquele líder estudantil também no meu tempo de faculdade. O Dr. Verle, nos debates em que eu participei, ao receber e ler seus próprios documentos e projetos alega que tudo aquilo é terrorismo e que não há bom senso e que, inclusive, no último debate em que participei, praticamente negava até o Projeto que estava em sua frente, é o Projeto que fixa os preços, as custas das taxas municipais, e está bem claro que será feito por decreto sem passar por esta Câmara Municipal, e o Secretário João Verle alegava que passava na Câmara; passava na Câmara autorização para fazer por decreto, não os valores.

Eu também gostaria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e estou há dias angustiado, pois uma vez o Ver. José Valdir, aqui nesta tribuna, disse que eu não tinha participado dos debates sobre o Orçamento, nas vilas populares de Porto Alegre. Acho que a função dos Vereadores não é participar daqueles debates, por isso não fui. Acho que a nossa função é votar os projetos, aqui, e não comprometer-se lá, com a presença, com a participação e depois chegar aqui e votar contra, aparecendo como uma pessoa incoerente.

Creio que o Município fez muito bem discutindo nos locais o que pretende seu imposto. Levou uma imagem às pessoas que participaram dos debates que tudo aquilo seria concedido, desde que a Câmara aprovasse esses aumentos brutais de impostos. É uma posição política do Poder Executivo muito boa, muito confortável, vai lá, diz que vai fazer isso, vai fazer aquilo, mas desde que a Câmara aprove. Estou cansado disso, vou repetir, estou cansado de Poder Executivo que na hora de fazer a obra é ele que faz, não nos manda nem convite e depois quando o problema aparece alega que foi a Câmara que aprovou. Isso não é desse governo, Ver. José Valdir, vi, hoje, a Dona Neuza Canabarro dizer que a Câmara aprovou a venda dos terrenos da Casa da Criança. Claro que aprovou, mas aprovou com a avaliação que veio aqui. Agora, se a sistemática depois foi alterada lá, isso não pode ser imputado à Câmara. A mesma coisa ocorreu com o contrato com a Petrobrás. O contrato que autorizamos com a Petrobrás não foi o contrato que o Dr. Collares assinou. Então, não podemos levar a culpa disso. O contrato que o meu grande amigo Dr. Alceu Collares assinou na Prefeitura não foi o aprovado nesta Casa, onde estava bem claro que deveria passar por aqui toda a localização de postos de gasolina. O Dr. Collares assinou antes a localização, sem passar por esta Casa, usando um artifício, até quem sabe legal, de vetar os artigos em que havia um acordo feito por esta Casa.

Acho extremamente prudente a vinda do Dr. Verle. V. Exª, Ver. Flávio Koutzii, que como eu se lembra da atuação do Dr. Verle no tempo de faculdade, não deve concordar com as declarações dele dizendo que os Vereadores são terroristas, que não sabem fazer cálculo, porque nós sabemos fazer cálculos e aqueles técnicos que fizeram esses Projetos, Ver. Flávio Koutzii, são os mesmos, na sua maioria, que fizeram os projetos no tempo do PDT, no tempo do PDS, são os mesmos e, evidentemente, querem ter o maior número de projetos aprovados e os maiores recursos para o Município e cabe a esta Casa uma posição de eqüidistância e de intermediário entre as demandas da população e a sua capacidade de definir o que é justo e o que é adequado e ético para a população pagar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Eu quero da tribuna encaminhar favorável e fazer um apelo ao Ver. Isaac Ainhorn no sentido de viabilizar juntamente com o Ver. Airto Ferronato, Presidente da Comissão de Finanças, não digo uma convocação, mas um convite aprovado no Plenário para que compareça aqui o Sr. Prefeito Municipal e todos os seus assessores e secretários das áreas que serão, no caso, as áreas interessadas da Administração Municipal que digam respeito com a reforma tributária. Acho que há um pedido do Ver. Airto Ferronato buscando no Executivo uma série de informações que me parece se o Ver. Isaac Ainhorn concordar no sentido de que se amplie esta não convocação, mas um convite ao Sr. Prefeito Municipal.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria apenas de entender, porque nós estamos com um pedido de vinda do Secretário da Fazenda que vai ser votado e o Vereador amplia e se será possível encaminhar simultaneamente...

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Eu estou encaminhando no sentido de que o Ver. Isaac Ainhorn amplie e para que tal ocorra o Vereador terá que retirar este Requerimento no momento e criar qualquer instrumento legal a fim de viabilizar a vinda do Prefeito Olívio Dutra a esta Casa, porque caso o Ver. Isaac Ainhorn não o faça nós teremos que tomar esta iniciativa e gostaríamos que a iniciativa ficasse com o Vereador autor, porque acho que a presença do Prefeito Olívio Dutra na Casa, debatendo a reforma tributária, me parece que é coisa de maior significado, de maior importância. Realmente, profundamente interessante, porque vai estar se debatendo a reforma tributária pra mim, no meu entender, muito mais importante do que a própria Lei Orgânica do Município.

Eu encerro o meu encaminhamento, pedindo ao autor da proposição que encontre uma solução para este impasse. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum”. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

(Levanta-se a Sessão às 17h28min.)

 

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